sexta-feira, 27 de junho de 2014

Começando a entender os motoqueiros

Fala pessoal, tudo bom? Mesmo sabendo que há meia dúzia de amigos que acompanham o blog, procuro manter aquele compromisso moral de fazer ao menos um post por semana, mas infelizmente eu pulei uma semana e o diário, que é semanal, acabou ficando de folga.

Estou na minha última semana de descanso, antes de começar no novo trabalho, e como tive alguns dias livre nessa transição de empregos, aproveitei para visitar minha família, descansar um pouco e resolver algumas coisas pessoais, como continuar customizando a minha moto.

Entre a semana passada e essa, estive na casa dos meus pais, voltando pra casa na Segunda-Feira a tarde, e fiquei sem internet na terça e quarta devido a um problema no backbone da Vivo aqui no prédio. Se você não sabe  o que é um backbone, não se sinta mal, pois eu também sei o básico do básico. O importante é que fiquei sem internet, o que pra mim, é pior do que ficar sem comida hahaha.

Nessa última semana aproveitei para ir ao dentista (e vou ter que ir amanhã de novo pra terminar o serviço) e decidi vender as peças da moto que não estava mais usando. Também, ontem, decidi pintar o banco da moto de marrom. Não é o mais correto, mas dá certo também, pois trocar a capa ficaria muito caro, sendo que o banco está novinho, e a culpa é toda minha de não ter pedido pra fazer a capa marrom e sim preta. Estou com os dedos todos pintados de marrom e sentindo aquele cheiro forte de tinta, mas o trabalho está pronto., só estou esperando a tinta secar e colocar na moto.



Esses dias em casa também foram úteis pra poder andar de moto, e até de carro, em horários dos que eu quase nunca ando, pois uso normalmente a moto pra ir para o trabalho, e como fico em escritório, só vejo o trânsito de manhazinha e no final da tarde.
Pelo menos aqui em São Paulo, minha surpresa foi perceber que o trânsito é quase igual ou pior durante o dia. Eu achava que os piores horários eram quando o pessoal estava indo e voltando do trabalho, mas, como os paulistanos dizem: "Não tem mais dia e hora pra ter trânsito. É a qualquer hora e qualquer dia da semana."

Em um de meus passeios, fui até a avenida Berrine, onde eu vou trabalhar, pra ver o novo caminho e os novos desafios como motoqueiro, pois descer a Avenida dos Bandeirantes todo dia não me parece ser tão diferente da 23 de Maio, embora seja mais folgada para o corredor.
Passei por uma oficina de motos e fui trocar idéia com os caras, muito gente fina. Não sei se posso falar sobre eles, pois não pedi autorização, então, por enquanto deixe assim. Depois vou pedir autorização a eles, e caso liberem, ponho os nomes aqui, e da oficina.

O fato é que esses caras são membros de moto clubes, e proprietários de motos grandes.
Eu já havia tido uma má impressão sobre donos de motonas, pois me aparentaram ser meio arrogantes, ou metidos, sei lá.
Quando comprei minha moto custom, embora de baixa cilindrada, achava que era um pessoal bem unido que compartilhava informações, trocavam idéia e tudo o mais, mas não aconteceu bem assim. Mas, procuro nunca generalizar, pois cada pessoa tem um jeito.

Os caras da oficina que eu conversei foram muito gente boa comigo, me deram várias dicas, explicaram algumas coisas sobre o mundo das motos, e em momento algum me menosprezaram por ter uma moto mais baratinha.
Cheguei até a comentar com eles o meu preconceito e a justificativa de eu pensar que caras de moto clube e de motos grandes e caras eram pessoas malas. A minha surpresa é que eles concordam comigo, e disseram que a maioria dos motoqueiros em geral são assim. Curioso que eles não foram as primeiras pessoas a me dizer isso.

Eles me explicaram que existe um certo tipo de pessoas que possuem um grande poder aquisitivo, e que compram motos caras, normalmente da Harley Davidson, que são as mais populares, e que como quase (digo quase, pois conheço uns caras cheios da grana que são gente finíssima) toda pessoa rica, gosta de se exibir, ostentar, ou sei lá o que se passa na cabeça de alguém com muito dinheiro e que vive em outra realidade. Enfim, de acordo com os caras da oficina, esses caras mal aprendem a pilotar adequadamente, usam as motos em alguns finais de semana e mantém um certo comportamento arrogante nas ruas. Ao meu ver, é como todo babaca exibicionista por aí, só que ao invés de andar com um carro que quase ocupa duas faixas da via e precisam de uma escadinha pra entrar no carro, optaram por parecerem-se como  motoqueiros com suas motos lindas (justiça seja feita, elas são).

Por outro lado, percebo muita discriminação pela "classe motociclística" em relação aos motoboys, também chamados de "cachorros loucos", pois, de acordo com algumas pessoas, os motoboys são os verdadeiros motoqueiros, que não respeitam leis de trânsito, correm como loucos e bla bla bla.
Ouvi dizer que a maioria deles recebe por entrega, o que pra mim, justifica bastante a correria dos caras. Sem contar que é fácil reclamar do motoboy, mas quando o cara encomenda o novo iPhone 5s pela internet ou pede uma pizza, fica bravo quando o motoboy demora pra entregar. Em uma cidade caótica como São Paulo, não consigo imaginar um dia sequer sem os motoboys. Aliás, não precisamos ir longe, basta imaginar um dia em que os "cachorros loucos" não andassem pelos corredores, o que muita gente é contra. Imagine uma avenida como a 9 de Julho onde os carros precisam dividir as vagas das faixas com as motos, o que, tecnicamente, seria o correto!

Aonde eu quero chegar com isso é o seguinte: em um post mais antigo eu mencionei o choque de realidade que tive sobre o que acreditava ser a verdade sobre os motoqueiros e como são vistos pelo público em geral. Cenário meio triste, ao meu ver, onde as pessoas acham que somos bandidos, loucos, desalmados hehe.

Mas, tudo bem, as coisas são assim mesmo, e ninguém tem a obrigação de gostar dos outros, embora eu ache que todos devêssemos saber viver em sociedade, em especial na sociedade do trânsito, onde o menor equívoco pode causar um grande estrago.
Eu, como motorista também me sinto pouco a vontade com as motos ao meu redor, embora isso tenha mudado bastante à medida que vou aprendendo mais sobre motos, mas ainda assim, a precaução é fundamental.

Os carinhas da oficina da avenida Berrine disseram uma coisa que eu não havia pensado antes: ser temido é bom, pois você acaba sendo respeitado, embora seja um respeito originado do medo.
Eu, particularmente gostaria que todas as pessoas se respeitassem por respeito puro mesmo, mas o respeito por medo também serve, e muito bem, ainda que eu admito que o motorista paulistano, em sua grande maioria, respeita sim, não só os motoqueiros, como também os outros motoristas e pedestres. Bom, pelo menos é o que eu vejo quando saio nas ruas. Pode ser diferente em outras regiões, horários ou cidades.

Voltando ao assunto dos motoqueiros, se você é novo, provavelmente vai pesquisar mais sobre pilotagem, mecânica, peças, etc, e se você for como eu, que gosta de conversar com as pessoas, vai perceber que tem muita gente difícil de lidar por aí, ou que tentarão de passar a perna, ou simplesmente serão mal educadas, como aconteceu comigo outro dia na rua General Osório, onde parecia que todo mundo havia dormido de calça jeans hahaha.

Aos poucos eu tenho conhecido gente muito boa, como o Luciano, mecânico dono da Moto Care, excelente mecânica na rua Lins de Vasconcelos, aqui na Vila Mariana, em São Paulo, e o Johnny que customizou a minha moto.
Além deles, teve também o grupo Intruder 125 do Facebook, onde o pessoal é muito unido e solícito, e se não fosse por eles, eu estaria apanhando de muita coisa ainda sobre a moto.
Já até vendi e comprei coisas de moto através do grupo. Mesmo que você não possua uma Suzuki Intruder, recomendo o grupo só pelas pessoas!

Bom, a conclusão que eu tenho tirado até o momento sobre os bons e maus motoqueiros é que não se trata do rico ou pobre, do cara da motona e da pequenininha, do motoboy ou do senhor rico aposentado que anda de moto apenas aos fins de semana.
Esses estereótipos até ajudam a identificar um ou outro tipo de motoqueiro, mas nós nunca saberemos ao certo como lidar com isso.
Se você não tem moto e não liga pra nada disso, tudo bem, de verdade! Realmente, ninguem é obrigado a se preocupar com isso, assim como eu não sou obrigado a querer entender o que é que o cara da Tucson está tentando compensar com um carro tão grande e imponente.

Tem muito cara por aí que possui motos de valor médio, que não são motoboys que furam o sinal vermelho, xingam e batem nos carros.
Vejo muitos motoboys habilidozíssimos que pilotam super bem, mesmo em uma velocidade acima do socialmente aceitável, e que respeitam sim as leis de trânsito. Diria até que eles são a grande maioria!

Tem muito cara de Harley Davidson que é super arrogante, mas tem muito cara tranquilo, que gosta de moto, e fala de moto, e não de uma marca. 
Vejo no grupo de Intruder 125 pessoas de várias classes sociais, de pessoas que usam a moto como parte do trabalho no dia a dia como pessoas que poderiam ter motos muito mais caras e melhores, mais optam pela paixão pela motoquinha.

Depois que reformei minha moto, reparei que as pessoas começaram a olhar pra ela, pois ela ficou bem diferente das outras motos. Muitas pessoas me perguntam que moto é ou o que eu fiz pra ela ficar bonita daquele jeito, como também, vejo alguns motoqueiros olhando pra ela e rindo com ar de deboche.

Por trás de todo capacete tem uma pessoa, que assim como o motorista do carro ao lado do seu, pode ser alguem legal, mal intencionado, negligente, pai de família, médico, professor, rico ou pobre.
Você só vai poder tirar alguma conclusão depois que aquela pessoa tomar uma ação digna de sua atenção, seja essa ação boa ou ruim.

Sei que esse post não teve nada muito associado a moto em si, mas é algo que eu venho querendo abordar já há algum tempo, e achei que essa seria uma boa hora pra isso.

Grande abraço a todos os amigos!

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