sexta-feira, 30 de maio de 2014

Entrando numa fria

Gostaria de começar esse post agradecendo ao grande mestre Carlos Amaral, que ministrou o curso de pilotagem segura na Porto Seguro, que mencionei na semana passada, e o Ryo Harada, administrador do maior portal de motos da América Latina, Moto Online.
Depois de eu ter feito o post da semana passada, adicionei o Amaral como amigo no Facebook e começamos a bater papo sobre o meu post.
Ele gostou tanto que compartilhou meu blog em sua timeline do Facebook, o que acabou chamando a atenção do Ryo, que se propôs a espalhar a notícia sobre o Diário do Motoqueiro Novato no site da Moto Online.


Infelizmente, não consegui encontrar o post do Ryo na página da Moto Online do Facebook e nem no próprio site, mas fica aqui o meu agradecimento a vocês! É legal saber que as informações do diário estão sendo úteis para outras pessoas, e também, chamando a atenção de quem entende bem do assunto!

Ainda falando de Facebook, me cadastrei para participar de três grupos voltados especialmente para a Suzuki Intruder 125. São eles:

  1. INTRUDER 125
  2. Intruder 125 - RJ
  3. Suzuki Intruder 125 e 250

O pessoal é muito gente boa por lá, me trataram super bem e todos os grupos são muito ativos.
Ainda que todos os grupos sejam excelentes, o grupo INTRUDER 125, criado pela Fa Intruder, me despertou mais empolgação. Eu mal entrei no grupo e já fui convidado para uma viagem para São Tomé das Letras, que eles estão organizando.
Além disso, o pessoal é muito solícito. A maioria dos posts tem mais de 30 comentários com sugestões, opiniões e conselhos dos mais experientes, todos com conteúdo bastante interessante.

A troca de informação e a confraternização da comunidade dos intrudeiros é algo que eu não sentia há muito tempo, em nenhum lugar.
É legal pra caramba ver um monte de gente de todas as partes do Brasil, de todas as classes sociais, raças e credos, unidos por um hobby em comum.
Ainda ontem, pedi permissão para anunciar umas peças da minha moto que não pretendo mais usar, e em menos de uma hora quase que fechei negócio com todas as peças!

Se você tem uma Suzuki Intruder ou simplesmente quer passar um tempo com outros apaixonados por motos, indico fortemente para que participe desses três grupos. Faça amigos e compartilhe experiências com aquele pessoal gente fina, e vocÊ não irá se arrepender.

Na quarta-feira, na hora do almoço, finalmente agendei com o Johhny Ruby, artista especialista em customização de motocicletas, de levar minha motoca em sua oficina, que não fica muito longe de onde eu trabalho.
Nós já vínhamos nos conversando via e-mail e Facebook, pra tirar umas dúvidas e esclarecimentos, e também expliquei o que eu gostaria de fazer com a moto, então não tivemos muito o que conversar pessoalmente, salvo alguns detalhes da pintura, valores e data de entrgea do serviço.

Deixei a magrela com ele e peguei um taxi para voltar ao trabalho. Foi um dia bastante triste, pois tive que voltar pra casa sem a moto, andando na rua com a jaqueta de motoqueiro. Alguns motoqueiros ficavam me olhando na rua com uma cara estranha, provavelmente estavam achando que eu havia sido roubado ou algo do tipo, hehe.

Na quinta-feira era o rodízio do meu carro, então fui para o trabalho de metrô, o que acabou sendo bem mais tranquilo do que eu lembrava que normalmente era. A única coisa um pouco ruim é que eu cheguei no trabalho mais tarde do que o habitual, e consequentemente tive que sair mais tarde também.

Hoje, sexta-feira, fui para o trabalho de carro e o trânsito estava excelente, melhor do que muitos dias! Na volta, como é de costume, tinha um pouco mais de trânsito, mas mesmo assim cheguei em casa em uma hora, o que é um tempo bom, considerando o fato de ser Sexta-feira.

Vamos ver como serão os próximos dias sem a moto, pois o trabalho do Johnny levará umas três semanas para ficar pronto, e cada dia que passa, parece que se passou uma semana. Pense numa pessoa ansiosa!
Enfim, quando a moto chegar, já posto uma foto de como ficou, e faço o famoso "antes e depois".

Bom, na semana passada e nessa semana o tempo esfriou bastante por aqui, e pela primeira vez pilotei com tanto frio! Alguns dias foi bem tranquilo, e apesar de sentir a queda na temperatura, não me incomodou tanto.
No sábado passado, quando estava indo para o workshop de pilotagem, saí de casa sem as luvas e a bota, que estavam enxarcadas do dia anterior, que choveu bastante, e eu passei por uma poça de água tão grande que o pneu da moto fez uma onda, e molhou meu pé por dentro da bota.

A minha lógica foi que, como a luva estava molhada, era melhor ficar sem ela do que andar com ela molhada na mão. Engano meu... depois de andar uns 5 quarteirões, decidi voltar pra casa e pegar a luva, pois minhas mãos estavam congelando!
Acabei aproveitando pra colocar a calça da capa de chuva, porque começou a garoar mais forte e preferi me prevenir.

No domingo e no começo da semana, passei a usar tambem o polêmico cachecol, considerado pelos portadores de testosterona em excesso uma afronta à masculinidade cecezenta. Oras, mas se o negócio foi feito pra proteger o meu pescoço do frio, assim como uso blusas, jaquetas e calças, não vejo porque sacrificar justamente a minha garganta só pra mostrar o quanto sou poderoso, hehe.
O legal do cachecol é que, além de proteger a garganta, acaba esquentando mais o peito, que mesmo já estando protegido pela jaqueta, ganha um reforço extra, considerando os ventos gelados durante a pilotagem.

Tudo estava ótimo, apesar de eu não ter uma luva que proteja de frio e chuva, mas que também não deixou minhas mãos congelarem. Porém, eu estava sentindo muito frio nas pernas, mesmo estando de calça jeans.
Pensei em comprar uma daquelas calças segunda pele, ou usar uma calça mais fina de moletom ou qualquer coisa parecida por baixo da calça jeans. O problema pra mim, que uso a moto pra ir para o trabalho todos os dias, é que ficar com uma calça extra por baixo da calça jeans ficaria mais complicado para tirar, caso ficasse mais quente ou começasse a me incomodar durante o dia.
É claro que eu poderia simplesmente ir ao banheiro e tirar, mas não gostaria de ter que ter esse inconveniente.

Então me lembrei do sábado, em que coloquei a calça da capa de chuva para ir ao workshop, e lembrei que a capa impediu bastante a entrada do vento, ainda que ele pudesse passar por debaixo da barra da calça.
Decidi fazer uma experiência no dia seguinte, e mesmo sem chuva, coloquei a calça da capa de chuva pra ver se adiantava de algo, e acabou que funcionou razoavelmente bem.
Claramente continuei sentido um pouco de frio nas pernas, mas achei que a proteção daquela calça tão fininha valeu muito a pena, e que daria pra suportar um bom frio daquele jeito.

Acredito que, se estivesse um pouco mais frio, seria provável que eu sentisse bastante frio, mas sinceramente, não acho que seja normal, pra um país como o Brasil, um frio maior do que aquele que estava no começo dessa semana. E caso tenha, não deve durar muito tempo, ou seja, não seria frequente o bastante para que eu precisasse comprar a segunda pele.

Bom, essa foi a minha experiência com o frio até agora, e que também, nem durou tanto tempo, já que, desde quarta-feira a tarde estou sem andar de moto.

E você, tem alguma dica para compartilhar sobre pilotagem no frio? Qual foi a sua pior experiência com a moto no frio, e quais foram as lições aprendidas?
Eu gostaria de saber a opinião dos amigos que acompanham o blog sobre como se sentem ao subir na moto e entrarem numa fria!

Abraço, e até o próximoooo DIDIDIdidididiário do Motoqueiro Novato!


domingo, 25 de maio de 2014

Workshop de pilotagem da Porto Seguro

Como eu já devo ter mencionado por aqui, fiz o seguro da moto com a Porto Seguro. Vocês provavelmente devem saber que, normalmente, seguro de motos é caríssimo e inviável, e a maioria das pessoas acaba optando por colocar alarmes e contratar serviços de rastreamento em caso de furto do veículo.

No caso da minha moto, uma série de fatores caracteriza o valor do seguro razoável, embora eu ainda ache meio caro, mas me pareceu uma boa idéia contratar o serviço, principalmente por eu ser inexperiente e poder acabar batendo em algum carro ou precisar de algum socorro emergencial.

A título de curiosidade, minha moto é uma Suzuki Intruder 125 ano 2008, e o valor do seguro ficou R$ 700,00 por ano.



Como eu já venho trabalhando com a Porto Seguro no seguro do meu carro há muitos anos, decidi fazer o mesmo com a moto.
No começo da semana passada, recebi um convite deles para participar de um workshop de pilotagem, gratuito para os segurados, que aconteceria no Sábado dia 24 de Maio, então me cadastrei para poder participar.

Eles fizeram um esquema muito legal, com café da manhã, massagem e contrataram  artistas para fazer a caricatura das pessoas em uma camiseta. O estacionamento era dentro da Porto Seguro e foi gratuito. Foi super legal ver tantas motos diferentes juntas, como eu nunca havia visto antes, pelo menos ao vivo!

Como ontem de manhã estava frio e garoando, achei que iriam poucas pessoas, até porque era Sábado, mas para surpresa de todos, o anfiteatro estava lotado. Foi preciso colocar mais cadeiras no local, pois as pessoas estavam ficando de pé.

Em cada cadeira, colocaram uma mochilinha com uns mimos dentro, como caneta, um caderninho de anotações, adesivos, uma mini trena e um guia de pilotagem que basicamente resumia o workshop.

A sala contava com três telões distribuidos de forma que todos pudessem ver os vídeos e slides, ar condicionado, que estava muito frio por sinal, e só as cadeiras que eu não gostei muito, porque achei-as muito duras.

O palestrante foi o Carlos Amaral, que, embora eu não o conhecesse, parece ser um cara famoso nesse meio de aulas de pilotagem, pois ouvi muitas pessoas comentando sobre ele ao meu redor, enquanto o pessoal ia se acomodando nas cadeiras.
Outra evidência clara é que ele entrou e cumprimentou uma série de pessoas que ele já conhecia, pois já haviam feito o seu curso de pilotagem, não o workshop, mas sim o curso prático.

Na platéia, dava para perceber que haviam muitas pessoas inexperientes como eu, umas mais e outras menos, mas também haviam pessoas experientes, pois escutei bastante pessoas falando de viagens de moto que fizeram há não sei quantos anos atrás, e outras histórias similares.

Achei legal também que havia um número considerável de mulheres, que eu gostaria que fosse maior, pois acho legal pra caramba o fato de as mulheres estarem invadindo essa onda de motociclismo, coisa que até pouco tempo atrás era bastante dominada por homens.
Algumas delas pilotavam, mas a impressão que tive é que a maioria delas curte passear com os maridos e namorados, ou estavam lá porque apoiam o cônjuges na paixão pelas motos, mesmo sem serem tão adeptas do “movimento”, o que é legal também. Não sei o que seria da gente sem elas, viu. Cuidam da gente até com coisas que elas não ligam.

No começo da apresentação já deu pra perceber que o Amaral sabe palestrar muito bem, cativante e consegue prender a atenção de todos. Ele bateu papo com a platéia, perguntava o nome e chegava perto da pessoa pra conversar, e esclarecia quaisquer dúvidas ou mitos relatados por todos, ali na hora mesmo!

Isso fez com que a primeira parte do workshop fosse muito dinâmica e interativa, o que fez com que todos ficassem muito à vontade, dando risadas e aprendendo muita coisa bacana.
Não levou muito tempo para perceber que o Amaral é muito bom e experiente, e sabe muito bem do que está falando. Ele conhece muito de todos os tipos de motos, sabe das vantagens e limitações delas e deu até dicas específicas para algumas motos.

A primeira parte do workshop: O comportamento do piloto

Tentando resumir um pouco a primeira parte do workshop, ele deixou bem claro, e várias vezes, que o motociclista tem que ser a pessoa mais pró ativa do trânsito, pois em caso de qualquer acidente, é ele quem levará a pior.
Nós nos habituamos a pensar no trânsito do ponto de vista da lei, o que é importante, sem dúvida alguma, porém, a realidade é um pouco diferente, por causa do livre arbitrio.

Ou seja, falar ao celular enquanto dirige, trocar de faixa sem sinalizar, passar no sinal vermelho e outras infrações, são executadas o tempo todo, e o fato de você estar certo, por exemplo, ao atravessar um cruzamento com o sinal verde, não impedirá que um carro vindo pela outra via atravesse o sinal vermelho e te acerte, podendo até te levar a morrer!

Outro exemplo interessante que ele deu, foi que nós motociclistas (ou motoqueiros, caso você prefira esse tipo de classificação) normalmente sabemos das imprudências dos outros participantes do trânsito, mas mesmo assim acabamos ficando bravos quando essas pessoas cometem uma irrergularidade.

Se você já sabia que tal “barbeiragem” iria acontecer, você não deveria ter ficado bravo, e sim evitar aquela situação desde o início. Lembre-se de que, normalmente, o maior prejudicado é o motoqueiro!

Uma coisa que ele falou que eu gostei muito, foi sobre a pressa. Se você está no trânsito, que está fluindo, e o carro da frente estiver te incomodando porque você quer passar, é você quem está incomodado, e não os outros. Ninguém tem que sair da sua frente só porque você está com pressa, a menos, é claro, que alguém esteja abaixo do limite mínimo de velocidade na faixa da esquerda (o que raramente ocorre).

Claramente, vale lembrar aqui do fator do livre arbítrio. Se você estiver de moto e um carro atrás de você estiver te pressionando para passar, deixe-o passar o quanto antes, e evite sofrer um acidente por conta disso. Até porque, até onde eu sei, não existe uma lei que proíba o cara de ser apressado, ou jogar farol alto no veículo da frente, e provavelmente raramente seria caracterizado como infração se alguém ficar pressionando você, andando com o carro a poucos centímetros da sua moto. E, se for, de nada adiantaria ele tomar uma multa se você já se machucou, que é o ponto mais importante do assunto.

Essa primeira parte do workshop foi o mais interessante pra mim, pois deu pra perceber que eu estava no caminho certo em algumas coisas e errado em outras. Também foi muito legal poder ouvir as experiências das outras pessoas, suas histórias e lições aprendidas, e é espantoso como muita coisa é parecida, independente do tipo da moto ou perfil do motociclista.

Mais uma vez, ficou bem claro pra mim o quanto é importante ser atencioso no trânsito, e que a responsabilidade de se evitar um acidente é 90% minha.
É nítido ver que os motoristas de carros (provavelmente, inconscientemente) não se preocupam muito com qualquer veículo menor, pois se algo der errado é o mais fraco que terá maiores problemas. Não acho que eles sejam mal intencionados nem que queiram que eu morra (bom, alguns deles a gente percebe que agem na maldade, mas me recuso a acreditar que seja a maioria) mas por ser um sentimento natural, provavelmente em todo ser humano.

Então, na hora de pilotar, deixe o orgulho de lado, deixe as leis de lado, pois em um caso de emergência, nada disso vai te salvar. Não existe “mas eu estava certo” ou “não é justo” quando é a sua vida que está em jogo. Seja um motoqueiro pró ativo!

A segunda parte do workshop: A técnica do piloto

Depois de encher a pança mais um pouco e descansar as costas daquela cadeira dura, voltamos para o segundo round, dessa vez focando em algumas técnicas de pilotagem.
Como o Amaral tem uma grande bagagem, ele absorveu as experiências de seus alunos e compilou uma série de técncicas muito bem explicadas sobre como pilotar melhor e evitar erros simples, mas que podem ser fatais.

A primeira coisa que me chamou a atenção foi que, ao contrário do que eu havia aprendido, segurar o freio com dois dedos e acelerar com os outros dois pode não ser uma boa idéia.

Isso porque, em caso de emergência, e precisarmos frear mais bruscamente, corremos o risco de continuar acelerando, já que metade dos dedos continua no acelerador da moto.
Já segurando o acelerador com os quatro dedos, o simples movimento de levar todos eles ao freio faz automaticamente com que desaceleremos a moto.

Ainda assim, penso comigo que, numa situação de um corredor, por exemplo, posso ficar com os dedos distribuidos, desde que não estarei acelerando demais ou quase nada, e os dedos que estão no freio podem ser muito úteis para uma frenagem de emergência. Porém, salvo nesse caso, imagino que os ensinamentos do mestre Amaral estão perfeitos!

Ainda no assunto da frenagem, ele explicou que, diferente do que a gente aprende na auto escola, o freio dianteiro segura muito mais a moto do que o traseiro, e exibiu vídeos para provar.
Ele explicou que a moto possui três freios: dianteiro, traseiro e motor (esse último a maioria das pessoas já conhece, mas deu pra perceber que muita gente ficou surpresa ao ouvir sobre o freio motor) e que freio não pára a moto, e sim o atrito do pneu com o solo.

Ele ressaltou a palavra “solo”, pois pode ser asfalto, terra, etc, e que a frenagem deve ser sempre progressiva, ou seja, nunca devemos frear bruscamente, de uma só vez. Isso porque frear de uma vez pode fazer com que a roda trave, fazendo com que a moto derrape, não havendo atrito com o solo, logo a moto não vai parar.
Se sua moto possui freios ABS, não há com o que se preocupar, pois a eletrônica do freio decide isso pra você, impedidndo o travamento da roda.

Depois, ele falou sobre curvas, e como a física influencia diretamente no comportamento da moto durante todo o processo de pilotagem. Essa parte foi muito legal, porque foi praticamente uma aula de física, aplicado à motocicletas!!!

Para ser sincero, se você entende conceitos básicos de força centrífuga, gravidade e inércia, provavelmente vai tirar de letra a pilotagem da moto!

Vamos lá: antes de entrar numa curva, é preciso reduzir a velocidade até um ponto em que fique confortável para você.
Que ponto é esse? Bom, você está em cima de um objeto em alta velocidade indo para frente, e agora você quer mudar a direção desse objeto, mas a força dele está toda para a frente! Então, o que é preciso ser feito é exercer uma força para o sentido que você quer ir.
E como você faz isso: jogando o seu corpo para o lado que quer ir! Só que a força pra o sentido atual ainda é grande, e a moto vai “querer” continuar indo para frente, mesmo mudando lentamente para a outra direção.

Aí é que entram os pneus, que aderem ao chão, gerando atrito, e fazem de tudo para que a moto resista à continuar sendo levada pela força que estava antes. Parece mágica, mas é física pura!

Ao final da curva, com a moto (e você) inclinados para perto do chão, a gravidade vai te puxar para baixo até que você caia. É nessa hora que, para evitar a queda, você deve começar a acelerar novamente, para ganhar a velocidade que tinha antes da curva. Isso te dará estabilidade, superando a gravidade.

Eu poderia ficar o dia todo falando sobre isso, mas o post ficaria maior do que já está (aliás, ultimamente tenho tido a impressão de que ninguém deve ter paciência de ler tudo isso, e eu acabo “falando sozinho”, mas tudo bem, porque falar de moto nunca é demais) e eu também nem sou tão bom assim de física.

Para fechar, posso dizer que tive uma manhã tão legal ontem, que o tempo passou e eu nem percebi. Ainda saí da Porto Seguro e, já que estava no centro de São Paulo, passei nas lojas de moto, pois precisava comprar o emblema esquerdo do tanque que comprei errado outro dia.

E, se você é novato assim como eu e quer aprender muita coisa bacana, acesse o site do Carlos Amaral, e se possível, faça o curso prático dele, pois tenho certeza que vai valer a pena! O site é http://www.amaralinstrutor.com.br/.

Valeu!

[Editado: Eu não havia reparado que a fonte do texto estava errada. Agora está ok!]

sábado, 17 de maio de 2014

Caindo na real

Lembra quando você era pré-adolescente e a vida era uma beleza? Sua mãe fazia o leite com Nescau com a temperatura do jeitinho que você gostava, sua maior preocupação era saber se a sua paquera da escola ia te dar bola, não tinha contas pra pagar (ou pelo menos não deveria ter) e nem chefe pra te ameaçar de te demitir se você não fizesse o trabalho direito?

Aí você cresceu, amadureceu, se ferrou, apanhou, aprendeu, evoluiu e continua evoluindo. Tinha tanta coisa legal antes, que você nunca mais vai ver. Tanta coisa que você achava que era de um jeito, aí aprendeu do jeito mais difícil que não era bem assim. Tinha ideais bacanas e que soavam bem pra caramba na sua cabeça, mas a realidade era outra...

Então, depois de quase 3 meses andando de motoca, um pouco daquele encanto juvenil se foi, parecido com quando eu virei adulto. Só que a moto em si não me decepcionou, mas sim o contexto todo que a envolve.
Na verdade, a cada dia que eu piloto, mais eu me empolgo, acho legal, gostoso e divertido. Mas ao mesmo tempo eu vivencio coisas que mostram a dura realidade por detrás da vida do motoqueiro enquanto cidadão desse mundo.

Como eu já comentei outras vezes, quando comprei a moto, escutei muitas opiniões de muita gente diferente, e eu fiquei bastante indignado com algumas opiniões.
Vou tentar citar as mais marcantes sem me extender demais (mas tenho quase certeza de que será comprido), e vou esclarecer com o meu ponto de vista e minha humilde experiência:

Motoqueiros são maus, motociclistas são lindinhos

"Mentira! Que babaquice" eu pensei. Cheguei a pesquisar com o avô do Chico Buarque, o nosso querido Aurélio, e lá tá dizendo que motoqueiro é uma gíria para motociclista. É uma palavra que não existe oficialmente. Só isso!

Mas então, que palhaçada é essa? Um amigo comentou que tem amigos motociclistas que não admitem ser chamados de motoqueiros, pois motociclistas são responsáveis, cuidadosos, pintam a unha e fazem escova no cabelo, bla bla bla.
Aí, outro dia vem minha mãe dizer a mesma história, que o dentista contou pra ela. Depois a mesma coisa se repetiu em uns blogs de moto que eu andei lendo, e também no Yahoo Respostas.

O que me deixa mais fulo, é que eu acho o nome "Motoqueiro Novato" super legal! Mas será que, quando alguém vê o nome do blog acha que eu sou um assassino-carniceiro-ladrão-mau-caráter-estuprador-mendigo-rei-Jeofrey-do-Game-of-Thrones? Pelo visto sim, né?

De um jeito ou de outro, isso me incomoda, e eu ainda acho que é uma babaquice, ok? Sem ofensas a ninguém. Maaaaaaaaaaas, vamos tentar entender o porquê disso tudo, ou pelo menos essa é a minha conclusão, se talvez, só talvez, isso possa te ajudar a entender também, caso tenha essa curiosidade.

Vivemos num mundo de rótulos, sejam bons ou ruins, sejam para servir de base para as coisas ou colaborar com a ostentação. Você precisa estudar, se formar e ter diploma, porque assim o empregador pode ter uma noção de o que você sabe e se você serve pra trabalhar pra ele.
Acontece o tempo todo: pessoas se atraem umas pelas outras por causa de certos rótulos: funkeiro, metaleiro, inteligente, fodão, nerd, rico, pobre, com carrão, com bicicleta, vegetariano, etc, etc, etc...

Não é diferente entre o motoqueiro e o motociclista. E essa foi a maneira que as pessoas arranjaram, informalmente, de separarem os bons dos ruins. É falho? Eu acho que sim, mas é melhor do que nada.
Não preciso dizer que alguns "motociclistas" são cuidadosos porque têm motos caríssimas, e que muitos usam-nas só nos finais de semana ou ocasiões especiais, enquanto os "motoqueiros" têm motos mais simples e ágeis no dia a dia, correm muito, cometem infrações frequentemente, e normalmente não zelam nem pela própria vida, ou seja, imagina o quanto ele está precupado com você, então?

Motoqueiros são bandidos

Esse é fácil de explicar. O que assusta muito as pessoas é ter um cara do teu lado com o rosto coberto, luvas e um veículo rápido e muito mais ágil do que o seu.
Então eu penso: "Mas pô, esse é o equipamento de qualquer motoqueiro bem precavido!". Mas como colocar isso na cabeça de quem não tem a mínima noção sobre motos, e pior, nem quer saber!?
Então, alguém que não perde um programa do Cidade Alerta sequer me diz que motos com garupas são preocupantes, pois o garupa pode estar armado e fazer todo o trabalho, e o piloto só faz a fuga, e aí, toda a minha indignação e defesa dos motoqueiros foi por água abaixo. Não só por causa do exemplo do garupa, mas porque eu comecei a me colocar no lugar do motorista parado no semáforo ao lado de uma moto.
Eles têm razão! E não há nada que eu possa fazer, debater, me debater e espernear.

Eu ainda acredito que dá pra tentar distinguir um mal motoqueiro de um bom, mas ainda, não dá pra confiar em ninguém. Quando eu digo ninguém, eu digo ninguém mesmo.
Eu já tive namoradas, amigos e colegas de trabalho que eu confiava, e que me deram uma rasteira tão grande que levou anos pra me levantar.

E sabe o mais curioso? Se eu fizer uma lista top 10 dos tipos de pessoas mais mal intencionadas que já ouvi falar, os motoqueiros provavelmente não estariam no topo da lista, talvez nem no top 10.
Mas sou a favor da prevenção acima de tudo. Se você se sente mais seguro longe das motos, continue o fazendo. A maioria deles não fica chateado (eu fico, porque sou bunda-mole), e tão logo o semáforo fique verde, estarão bem longe de você, te deixando no conforto do seu carro, no trânsito calmo e beeeeeeeeeem lento onde só tem gente fina e bem intencionada :)

Meu preferido: Moto mata

Parece até aqueles trocadilhos "bem sacados" de campanha de conscientização da Globo, onde a Regina Duarte, o Gianechini e alguma atriz negra aparecem de calça jeans e camiseta branca com um sorrisão no rosto e o logo da Rede Globo enooooooooooorme no fundo.



Não sei se esse comentário é o mais revoltante ou o mais importante.
Digo isso porque, gente, por favor né? Consegui pensar numas trinta coisas que matam muito mais do que moto sem me esforçar muito.
Há poucos dias atrás, infelizmente o filho do Erasmo Carlos faleceu devido a um acidente de moto, e alguns dias antes, ele estava internado em estado grave. Fui procurar qual foi o motivo do "acidente de moto" mas não achei (e confesso que não pesquisei mais depois disso).

Não estou dizendo que a culpa não foi da moto, mas pô, eu, como iniciante quero saber o que aconteceu! Quero aprender mais, me prevenir mais. Será que ele estava errado? Se sim, errado como? O que ele estava fazendo? Aonde estava indo? Houve terceiros envolvidos ou ele estava sozinho? A moto estava em boas condições? Era ele quem estava pilotando a moto ou foi um "motoqueiro" que causou o acidente?
Eu não entendo de jornalismo, mas será que não seria uma boa idéia se a reportagem abordasse esse lado da história? Pessoas famosas influenciam muito as pessoas, então porque não influenciar os motoqueiros a dirigir melhor pra evitar que mais pessoas morram?

A minha "nova verdade" é a seguinte: Moto mata mesmo! O tempo todo, em todo lugar do planeta.
Os motivos? De todos os tipos, inclusive causados por terceiros.
E quem são os terceiros? Eu, você, seu vizinho, seu pai, outro motoqueiro, um motorista de carro, um pedestre. Um pedestre? Como assim?

Todos fazemos parte do trânsito. Se você colocou o pé pra fora de casa, então faz parte do trânsito, pois você atravessa ruas, anda nas calçadas, na frente de estacionamentos, entradas de casas e prédios, e por isso, deveria entender um mínimo sobre trânsito, placas e regras.
Todos fazem parte do trânsito: caminhões, ônibus, carros, motos, bicicletas, pessoas. E a grande diferença entre esses participantes do trânsito são o seu tamanho e a sua agilidade.

Então vamos fazer o seguinte: partindo do princípio de que todo mundo sabe dirigir, e é responsável nas ruas, vamos falar apenas do que está "errado", sem culpar mais um ou outro, ok? Lá vai:

  1. Eu, como motorista de carro me sinto ameaçado na estrada quando um caminhão me pressiona em uma descida, onde meu Golzinho 1.0 chega, esgoelando, a 140 km/hora onde eu deveria estar no máximo a 120. O caminhão está errado e pode me matar! Eu não quero morrer!!!
  2. Eu, como motoqueiro me sinto ameaçado quando um carro me fecha, ou troca de faixa bruscamente sem dar seta, pois a moto não freia tão rápido, e eu posso bater, me machucar e até morrer!!!
  3. Eu, como ciclista me sinto ameaçado quando um "motoqueiro doido" passa correndo no sinal vermelho, brincando com a moto e fazendo acrobacias desnecessárias, podendo me acertar em alta velocidade, e meu capacete não será o suficiente para um golpe tão violento. Eu posso morrer!!!
  4. Eu, como pedestre me sinto ameaçado quando um "ciclista de final de semana" passa distraído, alternando entre andar na calçada e na rua, não respeitando o semáforo (embora devesse) e fazendo curvas fechadas, possa vir a me atropelar, e mesmo estando ele numa velocidade bem menor do que um carro ou moto, certamente vai me machucar, podendo até me levar... a morrer!!!!!!!!!!
  5. Eu, como caminhoneiro, que estou lá no alto em meu caminhão, me sinto ameaçado quando um pedestre atravessa fora da faixa, ou muito próximo a mim, e provavelmente fora do meu campo de visão. Sua agilidade é muito maior do que a minha, e a qualquer segundo ele poderá estar correndo ou mudando de idéia e voltando de onde estava vindo. Eu posso atropelá-lo acidentalmente ou tentar desviar do pedestre em um momento de susto, causando um acidente envolvendo outros veículos ao meu redor, e até mesmo outros pedestres, muitas pessoas podem morrer!!!!!!!
Aonde eu quero chegar com isso é que não estamos respeitando o espaço uns dos outros. Aquela sua raiva porque um carro te fechou, ou um motoqueiro chutou seu retrovisor (o que, convenhamos, é deplorável e injustificável) não é motivo para você querer machucar alguem. Na verdade, nada é!
Xingue! Xinge muito no Twitter! Bote pra fora aquele ódio, porque ódio não faz bem pra ninguém, e eu acho que o mundo já está cheio dele. Faça qualquer coisa, mas não faça algo contra um ser humano. Poderia ser você o alvo de um nervosinho... pense nisso.

Mais uma vez, peço que, para quem se dispôs a ler esse texto até aqui, não fique bravo, pois não quero gerar polêmica. A única coisa que tento provocar aqui é despertar o bom senso de todos, e a minha incansável busca por um mundo mais calmo e feliz. É muito provável que você tente ser um participante do trânsito melhor, mas sempre haverá aqueles que serão cada vez piores. Não desista! Não se nivele por baixo, e juntos faremos um mundo melhor para nós e nossos descendentes! Tá, esse fim ficou parecendo propaganda eleitoral política, mas ainda assim, é verdade!

Mas é isso, meus amigos. Estou um pouco abalado e chateado com a triste verdade (e como sempre, a tendência é piorar), mas ao mesmo tempo estou feliz por estar aprendendo mais a cada dia que se passa.
A vida "lá fora" não é fácil, mas também é o que faz ela ter graça!

Fui!

domingo, 11 de maio de 2014

Opinião: Porque motoqueiros são mal vistos

Até meus 21 anos, quando ainda morava em Ribeirão Preto, não me lembro (até porque faz tempo) de ver as pessoas reclamando de motoqueiros como eu vejo aqui em São Paulo. Então não sei dizer como isso acontece em outras regiões do país. Ou, talvez, porque eu não andava e nem falava de moto antes, não chegava a ouvir tantas opiniões negativas sobre motoqueiros.

Seja lá qual for o motivo disso, me deparo frequentemente com comentários sobre como moto é perigoso, e como os motoqueiros são loucos e só fazem besteira nas ruas. Quando tem um acidente envolvendo motos, sempre tem aqueles que falam "ah, só podia ser motoqueiro!", ou em alguns casos mais exagerados, acham que a maioria dos motoqueiros é ladrão ou delinquente de alguma forma.

Outro dia, estava pesquisando alguns forums sobre o que as pessoas falavam de motos custom, estilo as motos Harley Davidson, que até onde eu sei, é a marca mais famosa que representa esse estilo de moto, e motos de cilindradas mais baixas, e fiquei impressionado com alguns comentários! Alguns diziam que os donos de motos de baixa cilindrada eram irresponsáveis, negligentes e que os donos de motos custom eram cuidadosos, dirigiam com cautela e outros adjetivos positivos que já não me lembro mais.

Bom, eu até compreendo que donos de motos maiores, seja custom ou não, acabam tendo um cuidado diferente com elas, até porque custam mais caro, não só na compra, mas também na manutenção e pe;as, e se fizerem seguro então, praticamente pagam uma nova motoca a cada 3 ou 4 anos. Mas dizer que os donos de CG 125 e outras motoquinhas mais fracas são ruins, negligentes e outros nomes que eu me recuso a escrever, é muito exagero.

Eu consigo entender que nós, seres humanos que erram mais do que acertam, tendemos a generalizar as coisas. Acontece o tempo todo, gente que diz que não gosta de nenhum policial, porque viu casos de policiais corruptos, ou qualquer outra profissão, ou qualquer tipo de pessoa que tenha cometido algum ato duvidoso, e as pessoas acabam assumindo que todos são assim e fazem as mesmas coisas.

Outro motivo pelo qual eu acredito que os motoqueiros são mal vistos é pela falta de conhecimento, e pela falta de interesse em querer saber mais sobre motos, motoqueiros, e como é a rotina de um motoqueiro. Não que eu ache que todo mundo deveria aprender sobre motos, sendo motoqueiro ou não, mas eu acho sim que, sendo você um cidadão que convive todos os dias com as motos ao redor do seu carro, correndo o risco de se envolver em um acidente com uma moto, deveria entender melhor como esses caras pensam, agem e como fazer para manter um trânsito pelo menos um pouco mais harmonioso. Porque, pense comigo, a menos que as motos sejam todas proibidas de transitar nas ruas, por pior que seja, você passará o resto da vida dividindo o espaço do seu veículo com elas.

Independente de qualquer coisa, nesses últimos meses eu tenho conversado com muitos amigos, colegas, parentes e outros motoqueiros, e como já era de se esperar, as opiniões são bem diversificadas, das mais positivas às mais negativas, da pessoas mais alienadas e ignorantes às mais interadas do assunto e que me esclareceram uma série de dúvidas.

Embora tenha sido importantíssimo essa troca de experiência, onde aprendi muita coisa com o pessoal, eu precisava ter as minhas próprias conclusões, e comparar o que escutei de todos com a realidade que eu estava vendo nas ruas.
Isso fica mais difícil no começo, quando se é muito inexperiente, pois toda a atenção fica voltada ao trânsito e à pilotagem da motoca. Mas agora que já passou um tempo e tenho mais confiança na pilotagem, posso prestar um pouco mais a atenção nesses detalhes. E acreditem, é muito importante analisar esses detalhes também, perceber o perfil dos motoristas e motoqueiros ao seu redor, e agir preventivamente perante eles.

Primeiro de tudo, sim, existem péssimos motoqueiros, negligentes, descuidados, inconsequentes e, às vezes, mal intencionados, assim como há motoristas de carros e pedestres com as mesmas características.
A diferença é que é muito mais fácil notar um motoqueiro devido à mobilidade que ele tem no trânsito, e, consequentemente, fica mais evidente quando comete um erro na pilotagem. Além do mais, um motorista parado no trânsito tem muito mais chances de assistir, nos mínimos detalhes, a pilotagem de um motoqueiro, já que naquele momento não sofre nenhuma distração do trânsito, que infelizmente está parado.

Sobre os motoqueiros de motos de baixa cilindrada, bem, esses são a maioria, sendo motoboys, pessoas que usam a moto para ir para o trabalho (como no meu caso) e pessoas que não tem condições de comprar motos mais potentes (meu caso de novo) ou simplesmente têm preferência pelas motos de menor cilindrada. Logo, as chances de ver um motoqueiro com uma CG 125 fazendo "barbeiragem" são muito maiores do que ver um cara de Harley Davidson ou Teneré, até porque, em algumas situações onde o corredor é muito estreito, essas motos podem não caber no corredor, fazendo com que o motoqueiro precise se comportar como se estivesse dirigindo um carro até que o corredor fique mais folgado.

Só para dar uma noção, imagine aquele cara de carro que está impaciente, trocando de faixas a cada minuto, buzinando e gesticulando para os carros da frente, e de repente, quando vê uma pequena brecha, faz um movimento brusco, trocando de faixa cantando pneu e sem dar seta, as vezes para andar poucos metros. Essa cena é absurdamente comum, e quem usa o carro todo dia certamente presencia essa cena mais de uma vez, isso sem contar que nós mesmos fazemos isso uma vez ou outra (nem todo dia é um bom dia, infelizmente).
Agora, imagine um cara nas mesmas condições, porém, de moto. Só que ele vai passar acelerando bem do seu lado, ou na frente do seu carro, simultaneamente com outras motos, correndo mais e se movimentando mais. Ou seja, é a mesma coisa que o motorista de carro, só que com um veículo menor.

Outro preconceito (no sentido puro da palavra, ok?) comum é achar que motoqueiros são bandidos, e costumamos ter medo quando param do nosso lado, fechamos o vidro, vamos para frente ou para traz, ou afastamos o carro. Confesso que isso ainda me deixa um pouco chateado, mas como motorista de carro eu faria (e faço) a mesma coisa. Infelizmente, isso vai além do preconceito, falta de informação ou qualquer coisa do tipo, pois vivemos num lugar onde a violência ainda é muito grande, pessoas roubam qualquer coisa e matam sem muito motivo (afinal, que motivo seria esse tão grande a ponto de tirar uma vida, mas enfim...).

O que eu tenho notado desde que comecei a andar de moto é que a maioria dos motoqueiros não vão querer me assaltar, principalmente se estiverem sozinhos. Já quando tem um garupa, minha atenção aumenta, pois esse sim teria liberade o bastante para se movimentar, apontar uma arma e tentar segurar um possível objeto roubado.
O pessoal de motos grandes como as custom normalmente também não apresentam riscos, e nem os de motos esportivas, que me assustam pela velocidade e poderiam ser facilmente usadas para roubos, e nem eu nem ninguém poderia alcançar aquela moto tão veloz. No final das contas, como bons brasileiros que somos, nunca devemos abaixar a guarda, e a regra que meu pai me ensinou lá atrás ainda vale: duvide de tudo e de todos!

Para finalizar, gostaria de deixar a minha opinião sobre o perfil de motoqueiros que eu acho inofensiva e os que eu não me sinto muito confortável:

  • Usando equipamentos próprios de moto, tais como capacetes mais sofisticados, jaqueta própria de motoqueiro, calças e botas com proteção e com refletores. Isso é difícil de notar quando não se anda de moto, então procure reparar em pessoas que estão com roupas comuns e as que estão com "roupa de moto". Claro, não dá para julgar ninguem, pois pode ser que um cara não tem os equipamentos adequados por não ter condição de comprar. Equipamento de moto não custa barato!
  • Dirigindo com responsabilidade: Como notar? Provavelmente o cara não deve estar correndo desesperadamente, nem fazendo curvas bruscas o tempo todo, como se estivesse brincando de zigzag. Claro que essa manobra é comum nas motos, mas normalmente só é frequente quando o trânsito está muito ruim. O motoqueiro responsável também olha bastante para o retrovisor e para os lados, e usa as setas quando vai trocar de faixa (embora isso seja muito raro mesmo para bons pilotos, pois a seta da moto é bem chata de usar, sem falar que motos trocam de faixas e corredor o tempo todo, o que inviabiliza o uso da seta pela velocidade que as coisas acontecem. Ainda assim, o bom motoqueiro se esforça para sinalizar aos motoristas que está prestes a realizar uma manobra). Eles também se preocupam em não esbarrar nos outros carros, pois eles não precisam se preocupar. O retrovisor da moto sai do lugar e é só arrumar. O carro pode estragar, então entenda isso como um ato de cidadania da parte do motoqueiro.
  • Moto em bom estado. Não precisa ser nova, nem cara ou sofisticada. Repare nos componentes básicos como pisca, luz de freio, etc. Se a moto estiver com os retrovisores "em pé", ou seja, na vertical, provavelmente o motoqueiro pretende fazer manobras mais audaciosas, e passar em corredores muito estreitos sem diminuir muito a velocidade.
Eu gostaria muito de ter uma receita definitiva para ajudar a todo mundo a saber quando um motoqueiro é bem intencionado e quando não é. Infelizmente, nada na vida é assim, então o que eu posso fazer é dar essas dicas a todos, motoqueiros e motoristas, e quem sabe assim podemos minimizar o stress do trânsito do dia a dia.
Lembre-se sempre que atrás de cada volante e cada guidão tem uma pessoa, um ser vivo, que tem mãe, família, filhos, sonhos e expectativas.
Embora seja inevitável perdermos a paciência uma vez ou outra, não podemos esquecer disso, e que todo mundo parado ali naquele trânsito caótico não está ali porque quer (pelo menos, eu acho), e todos querem chegar em casa logo para poder descansar.
No caso dos motoqueiros, não importa se estão errados ou certos quem leva a pior quase sempre são eles, e não há dinheiro no mundo que recupere uma vida, diferente de nossos carros e motos.

Espero que esse post não tenha sido polêmico, pois não foi essa a minha idéia. Mas sim, esclarecer algumas coisas que a maioria das pessoas não sabe quando não se tem contato com motos.
Mesmo assim, gostaria que dessem sua opinião nos comentários, e se você for um motoqueiro mais experiente do que eu (o que é bem provável), que falasse sobre seu ponto de vista e que me corrijisse caso eu tenha me equivocado sbre algum assunto.

Boa semana a todos, e feliz dia das mães!







domingo, 4 de maio de 2014

Capacete aberto ou fechado?

Antes de mais nada, nem preciso explicar a vocês que essa comparação vem de um motoqueiro iniciante, e é bastante provável que eu faça uma nova comparação no futuro, quando eu for mais experiente.
Sem contar que essa é a minha opinião, e motoqueiros mais experientes podem não concordar e até esclarecer as coisas bem melhor do que eu. Para tal, deixem seus comentários e compartilhem sua experiência com nós, os novatos, ok?

De qualquer maneira, a intenção é orientar outros motoqueiros novos a escolher um capacete, e ter uma noção da diferença entre um capacete aberto e fechado.
Não faz muito tempo que o amigo de um vizinho aqui do prédio estava pedindo opiniões sobre capacetes no Facebook, e eu me dei de presente antecipado de aniversário um capacete aberto, com um aspecto mais retrô, já que eu gosto de motos custom e este capacete combina mais com esse tipo de moto, na minha visão.

Meu primeiro contato com um capacete foi quando eu era criança e andava de moto com meu pai. Depois, quando já era adolescente, comecei a ajudá-lo em seu trabalho, e então andávamos bastante de moto, pela praticidade e economia, sem falar do trânsito que conseguíamos evitar.
Eu não me lembro ao certo quais eram as leis naquela época, mas tudo era mais simples, não sei nem se havia necessidade de os capacetes terem a certificação do Inmetro ou algum outro órgão regulamentador, mas me lembro de que o capacete era aberto no queixo, e não tenho certeza, mas acho que não tinha viseira.

Desde então, meu único contato com um capacete foi quando comprei a moto. Na verdade, fiquei tão animado com a idéia de comprar a moto que quase me esqueci de comprar um capacete. E quando pedi ao meu sogro para que me levasse até a casa do ex dono da moto, ele me lembrou de comprar um.
Então, antes de ir buscar a moto, passei em uma concessionária de motos do lado de casa, onde também vendem equipamentos, e comprei um capacete simples, embora bem feito e resistente.
O rapaz da concessionária me explicou que, para iniciantes, ele achava que o capacete fechado era melhor e mais seguro.
Mesmo assim eu experimentei os dois, mas no final das contas me senti mais seguro com o fechado mesmo. Minha conclusão foi que, sendo o capacete o único item obrigatório para poder pilotar, achei que seria mais seguro estar com a cabeça inteira protegida.

Quando fui buscar a moto, o ex dono me deu um monte de dicas valiosíssimas, inclusive sobre capacete.
Ele me ensinou que há capacetes bons em torno de 200 a 300 reais, e que ele gostava dos capacetes que possuiam viseira interna fumê, como era o dele, que podia ser acionada quando houvesse necessidade de proteger os olhos do sol, ao invés de andar com óculos escuros, ou ser pêgo desprevenido sem eles. Ele também me orientou a comprar um capacete claro ou colorido, para facilitar com que os motoristas me vissem na rua.
Somando tudo o que aprendi, fui na rua General Osório em busca de um capacete definitivo, e me concentrei nas seguintes especificações:

  • Capacete todo fechado com queixeira fixa
  • Viseira interna fumê
  • Viseira resistente 
  • Narigueira



Após pesquisar algumas lojas, decidi ficar com um que atendesse a esses requisitos, e fiquei bastante satisfeito com ele, e deixei o outro capacete para a minha esposa.
Quando já se não é mais tão iniciante em andar de moto, você começa a reparar nos outros motoqueiros e suas motos, nos equipamentos e estilo de pilotagem. Isso tem me ajudado bastante em aprender novas técnicas de pilotagem, e também no que não fazer!

Percebi que o uso de capacetes fechados e abertos pelos motoqueiros acaba sendo bem variada, sendo que uns 60% dlees usa o capacete fechado. Muitos deles usam o modelo apelidado de Robocop (veja a sua foto abaixo), que tem a queixeira fixa na viseira, e quando você levanta a viseira, o queixo fica exposto. O curioso é que a maioria esmagadora dos motoqueiros anda com a viseira levantada, ou seja, os que usam capacete Robocop acabam ficando como se estivessem com capacetes abertos.


Como tenho preferência pelo capacete aberto devido a estética, mas acho o fechado muito mais seguro, pensei que seria uma boa idéia ter o aberto para passeios curtos nos finais de semana, e nas viagens pela 23 de Maio durante a semana eu continuaria usando o fechado.
Então, na Sexta-feira dia 2 de Maio fui dar uma volta pela rua General Osório para ver equipamentos e peças, e também precisava comprar lubrificante da corrente, pois o meu havia acabado (a orientação do mecânico foi para que eu lubrificasse as correntes a cada duas semanas ou quando chovesse demais na moto).

Estacionei a moto na frente de uma loja, onde eu havia comprado a capa do tanque, e como eles vendem muitos itens para o estilo custom, entrei para ver os capacetes.
O que eu mais gostei estava pouco mais de 200 reais, então fui dar uma pesquisada em outras lojas um valor mais em conta e melhores condições de pagamento.
No final, consegui comprar o capacete que eu queria por um preço menor e parcelado no cartão em 3 vezes. Precisava apenas de um pretexto, já que não estou precisando de nenhum equipamento no momento. Como meu aniversário é o mês que vem, comprei-o ô!



Voltei da General Osório com o capacete novo, e o fechado preso no sissy bar com a trava.
No começo foi bem estranho, pois ele não encaixa na cabeça tão bem quanto o fechado, e a viseira ficou bem na altura dos meus olhos, o que me incomodou muito.
Quando atingi uns 50 kms/hora senti muito vento nos olhos, e comecei a me arrepender de ter gasto dinheiro com aquilo. Acabou que eu fiquei intrigado, pois vejo muita gente com um capacete com aquele e pensei: "Caramba, como conseguem andar tão sossegados com um treco desses? Meus olhos estão lacrimejando!".

A cada parada no semáforo eu tentava encaixá-lo melhor na cabeça, e endireitá-lo melhor, até perceber que estava o colocando errado. A frente tinha que ficar mais para baixo, e assim a viseira ficou certinha. Meus olhos ficaram protegidos e o vento não incomodou mais. A única coisa era que agora eu precisava ficar com a boca fechada, pois não estava mais protegida.

A partir dali comecei a curtir mais o capacete!
Outra coisa que eu achei bem legal, é que sem a queixeira o meu campo de visão ficou bem maior, pois eu conseguia enxergar o painel da moto e tudo que estava abaixo do guidão com mais clareza. Acho que até a confiança na pilotagem ficou um pouco melhor, porque eu conseguia enxergar mais. Era quase como se eu estivesse sem capacete, no que diz respeito a visibilidade.

Hoje, fui deixar a moto pronta para a semana, enxi o tanque, calibrei os pneus e lubrifiquei a corrente. Mas antes, fui dar uma volta com o capacete novo, claro!
Eu ainda estou pegando o jeito de endireitá-lo na cabeça, mas como já aprendi a posição vertical dele, e como a viseira deve ficar na altura dos olhos, o resto foi tranquilo.
A única coisa que inevitavelmete incomoda é o vento, exclusivamente quando está ventando, independente da velocidade da moto, pois o vento gerado pela velocidade não está atrapalhando.
Fui dirigindo em direção à Avenida Paulista e estava ventando contra mim, então foi um pouco chatinho. Mas no caminho de volta estava ok, e o caminho que fiz por Moema (andar de moto é tão legal que eu passei reto de casa hehe) também não tive problemas com o vento.

Outra diferença que percebi é que a audição também fica melhor, mesmo os ouvidos estando protegidos com a espuma lateral, e o olfato também fica mais aguçado, evidenteente, já que não tem mais a queixeira e a narigueira no caminho.

A minha conclusão, nesse momento pelo menos, é manter esse capacete para passeios em baixa velocidade e trajetos curtos, e continuar usando o fechado para ir trabalhar, fazendo o caminho mais comprido e em velocidade um pouco maior.
Existem outros fatores além da proteção do rosto e queixo com o capacete fechado. Por exemplo, um fragmento ou uma pedrinha podem voar no meu rosto, ou um carro poderia passar em uma poça d'água que poderia entrar no meu nariz ou na boca, sem falar do pó ou fumaça que as vezes vêm diretamente na minha cara, e a viseira do capacete fechado protege o rosto muito bem nessa ocasião.
Acredito que eu poderia ter machucado o rosto ou engasgado com a fumaça e o pó de caminhões se estivesse com o capacete aberto.

Enfim, talvez não seja assim tão ruim, já que tanta gente usa esses capacetes, mas não acho que eu esteja preparado, nem acho que valha o risco sair por aí com o capacete aberto o tempo todo, pelo menos enquanto eu for inexperiente e não souber todos os riscos dos quais eu devo me prevenir.

De qualquer maneira, vale lembrar que capacetes abertos são proibidos na estrada, e não importa qual a sua preferência ou estilo, você terá que usar um capacete completamente fechado e com a viseira abaixada caso queira viajar com a sua moto sem tomar uma multa.
Já na cidade, se a sua viagem for tranquila e em baixa velocidade, pode ser uma experiência agradável usar o capacete aberto. E por tranquila eu quero dizer, sem caminhões, sem poeira, sem chuva, sem frio e sem ventos fortes, a menos que você seja experiente e saiba bem o que está fazendo.

Boa semana a todos!