domingo, 25 de maio de 2014

Workshop de pilotagem da Porto Seguro

Como eu já devo ter mencionado por aqui, fiz o seguro da moto com a Porto Seguro. Vocês provavelmente devem saber que, normalmente, seguro de motos é caríssimo e inviável, e a maioria das pessoas acaba optando por colocar alarmes e contratar serviços de rastreamento em caso de furto do veículo.

No caso da minha moto, uma série de fatores caracteriza o valor do seguro razoável, embora eu ainda ache meio caro, mas me pareceu uma boa idéia contratar o serviço, principalmente por eu ser inexperiente e poder acabar batendo em algum carro ou precisar de algum socorro emergencial.

A título de curiosidade, minha moto é uma Suzuki Intruder 125 ano 2008, e o valor do seguro ficou R$ 700,00 por ano.



Como eu já venho trabalhando com a Porto Seguro no seguro do meu carro há muitos anos, decidi fazer o mesmo com a moto.
No começo da semana passada, recebi um convite deles para participar de um workshop de pilotagem, gratuito para os segurados, que aconteceria no Sábado dia 24 de Maio, então me cadastrei para poder participar.

Eles fizeram um esquema muito legal, com café da manhã, massagem e contrataram  artistas para fazer a caricatura das pessoas em uma camiseta. O estacionamento era dentro da Porto Seguro e foi gratuito. Foi super legal ver tantas motos diferentes juntas, como eu nunca havia visto antes, pelo menos ao vivo!

Como ontem de manhã estava frio e garoando, achei que iriam poucas pessoas, até porque era Sábado, mas para surpresa de todos, o anfiteatro estava lotado. Foi preciso colocar mais cadeiras no local, pois as pessoas estavam ficando de pé.

Em cada cadeira, colocaram uma mochilinha com uns mimos dentro, como caneta, um caderninho de anotações, adesivos, uma mini trena e um guia de pilotagem que basicamente resumia o workshop.

A sala contava com três telões distribuidos de forma que todos pudessem ver os vídeos e slides, ar condicionado, que estava muito frio por sinal, e só as cadeiras que eu não gostei muito, porque achei-as muito duras.

O palestrante foi o Carlos Amaral, que, embora eu não o conhecesse, parece ser um cara famoso nesse meio de aulas de pilotagem, pois ouvi muitas pessoas comentando sobre ele ao meu redor, enquanto o pessoal ia se acomodando nas cadeiras.
Outra evidência clara é que ele entrou e cumprimentou uma série de pessoas que ele já conhecia, pois já haviam feito o seu curso de pilotagem, não o workshop, mas sim o curso prático.

Na platéia, dava para perceber que haviam muitas pessoas inexperientes como eu, umas mais e outras menos, mas também haviam pessoas experientes, pois escutei bastante pessoas falando de viagens de moto que fizeram há não sei quantos anos atrás, e outras histórias similares.

Achei legal também que havia um número considerável de mulheres, que eu gostaria que fosse maior, pois acho legal pra caramba o fato de as mulheres estarem invadindo essa onda de motociclismo, coisa que até pouco tempo atrás era bastante dominada por homens.
Algumas delas pilotavam, mas a impressão que tive é que a maioria delas curte passear com os maridos e namorados, ou estavam lá porque apoiam o cônjuges na paixão pelas motos, mesmo sem serem tão adeptas do “movimento”, o que é legal também. Não sei o que seria da gente sem elas, viu. Cuidam da gente até com coisas que elas não ligam.

No começo da apresentação já deu pra perceber que o Amaral sabe palestrar muito bem, cativante e consegue prender a atenção de todos. Ele bateu papo com a platéia, perguntava o nome e chegava perto da pessoa pra conversar, e esclarecia quaisquer dúvidas ou mitos relatados por todos, ali na hora mesmo!

Isso fez com que a primeira parte do workshop fosse muito dinâmica e interativa, o que fez com que todos ficassem muito à vontade, dando risadas e aprendendo muita coisa bacana.
Não levou muito tempo para perceber que o Amaral é muito bom e experiente, e sabe muito bem do que está falando. Ele conhece muito de todos os tipos de motos, sabe das vantagens e limitações delas e deu até dicas específicas para algumas motos.

A primeira parte do workshop: O comportamento do piloto

Tentando resumir um pouco a primeira parte do workshop, ele deixou bem claro, e várias vezes, que o motociclista tem que ser a pessoa mais pró ativa do trânsito, pois em caso de qualquer acidente, é ele quem levará a pior.
Nós nos habituamos a pensar no trânsito do ponto de vista da lei, o que é importante, sem dúvida alguma, porém, a realidade é um pouco diferente, por causa do livre arbitrio.

Ou seja, falar ao celular enquanto dirige, trocar de faixa sem sinalizar, passar no sinal vermelho e outras infrações, são executadas o tempo todo, e o fato de você estar certo, por exemplo, ao atravessar um cruzamento com o sinal verde, não impedirá que um carro vindo pela outra via atravesse o sinal vermelho e te acerte, podendo até te levar a morrer!

Outro exemplo interessante que ele deu, foi que nós motociclistas (ou motoqueiros, caso você prefira esse tipo de classificação) normalmente sabemos das imprudências dos outros participantes do trânsito, mas mesmo assim acabamos ficando bravos quando essas pessoas cometem uma irrergularidade.

Se você já sabia que tal “barbeiragem” iria acontecer, você não deveria ter ficado bravo, e sim evitar aquela situação desde o início. Lembre-se de que, normalmente, o maior prejudicado é o motoqueiro!

Uma coisa que ele falou que eu gostei muito, foi sobre a pressa. Se você está no trânsito, que está fluindo, e o carro da frente estiver te incomodando porque você quer passar, é você quem está incomodado, e não os outros. Ninguém tem que sair da sua frente só porque você está com pressa, a menos, é claro, que alguém esteja abaixo do limite mínimo de velocidade na faixa da esquerda (o que raramente ocorre).

Claramente, vale lembrar aqui do fator do livre arbítrio. Se você estiver de moto e um carro atrás de você estiver te pressionando para passar, deixe-o passar o quanto antes, e evite sofrer um acidente por conta disso. Até porque, até onde eu sei, não existe uma lei que proíba o cara de ser apressado, ou jogar farol alto no veículo da frente, e provavelmente raramente seria caracterizado como infração se alguém ficar pressionando você, andando com o carro a poucos centímetros da sua moto. E, se for, de nada adiantaria ele tomar uma multa se você já se machucou, que é o ponto mais importante do assunto.

Essa primeira parte do workshop foi o mais interessante pra mim, pois deu pra perceber que eu estava no caminho certo em algumas coisas e errado em outras. Também foi muito legal poder ouvir as experiências das outras pessoas, suas histórias e lições aprendidas, e é espantoso como muita coisa é parecida, independente do tipo da moto ou perfil do motociclista.

Mais uma vez, ficou bem claro pra mim o quanto é importante ser atencioso no trânsito, e que a responsabilidade de se evitar um acidente é 90% minha.
É nítido ver que os motoristas de carros (provavelmente, inconscientemente) não se preocupam muito com qualquer veículo menor, pois se algo der errado é o mais fraco que terá maiores problemas. Não acho que eles sejam mal intencionados nem que queiram que eu morra (bom, alguns deles a gente percebe que agem na maldade, mas me recuso a acreditar que seja a maioria) mas por ser um sentimento natural, provavelmente em todo ser humano.

Então, na hora de pilotar, deixe o orgulho de lado, deixe as leis de lado, pois em um caso de emergência, nada disso vai te salvar. Não existe “mas eu estava certo” ou “não é justo” quando é a sua vida que está em jogo. Seja um motoqueiro pró ativo!

A segunda parte do workshop: A técnica do piloto

Depois de encher a pança mais um pouco e descansar as costas daquela cadeira dura, voltamos para o segundo round, dessa vez focando em algumas técnicas de pilotagem.
Como o Amaral tem uma grande bagagem, ele absorveu as experiências de seus alunos e compilou uma série de técncicas muito bem explicadas sobre como pilotar melhor e evitar erros simples, mas que podem ser fatais.

A primeira coisa que me chamou a atenção foi que, ao contrário do que eu havia aprendido, segurar o freio com dois dedos e acelerar com os outros dois pode não ser uma boa idéia.

Isso porque, em caso de emergência, e precisarmos frear mais bruscamente, corremos o risco de continuar acelerando, já que metade dos dedos continua no acelerador da moto.
Já segurando o acelerador com os quatro dedos, o simples movimento de levar todos eles ao freio faz automaticamente com que desaceleremos a moto.

Ainda assim, penso comigo que, numa situação de um corredor, por exemplo, posso ficar com os dedos distribuidos, desde que não estarei acelerando demais ou quase nada, e os dedos que estão no freio podem ser muito úteis para uma frenagem de emergência. Porém, salvo nesse caso, imagino que os ensinamentos do mestre Amaral estão perfeitos!

Ainda no assunto da frenagem, ele explicou que, diferente do que a gente aprende na auto escola, o freio dianteiro segura muito mais a moto do que o traseiro, e exibiu vídeos para provar.
Ele explicou que a moto possui três freios: dianteiro, traseiro e motor (esse último a maioria das pessoas já conhece, mas deu pra perceber que muita gente ficou surpresa ao ouvir sobre o freio motor) e que freio não pára a moto, e sim o atrito do pneu com o solo.

Ele ressaltou a palavra “solo”, pois pode ser asfalto, terra, etc, e que a frenagem deve ser sempre progressiva, ou seja, nunca devemos frear bruscamente, de uma só vez. Isso porque frear de uma vez pode fazer com que a roda trave, fazendo com que a moto derrape, não havendo atrito com o solo, logo a moto não vai parar.
Se sua moto possui freios ABS, não há com o que se preocupar, pois a eletrônica do freio decide isso pra você, impedidndo o travamento da roda.

Depois, ele falou sobre curvas, e como a física influencia diretamente no comportamento da moto durante todo o processo de pilotagem. Essa parte foi muito legal, porque foi praticamente uma aula de física, aplicado à motocicletas!!!

Para ser sincero, se você entende conceitos básicos de força centrífuga, gravidade e inércia, provavelmente vai tirar de letra a pilotagem da moto!

Vamos lá: antes de entrar numa curva, é preciso reduzir a velocidade até um ponto em que fique confortável para você.
Que ponto é esse? Bom, você está em cima de um objeto em alta velocidade indo para frente, e agora você quer mudar a direção desse objeto, mas a força dele está toda para a frente! Então, o que é preciso ser feito é exercer uma força para o sentido que você quer ir.
E como você faz isso: jogando o seu corpo para o lado que quer ir! Só que a força pra o sentido atual ainda é grande, e a moto vai “querer” continuar indo para frente, mesmo mudando lentamente para a outra direção.

Aí é que entram os pneus, que aderem ao chão, gerando atrito, e fazem de tudo para que a moto resista à continuar sendo levada pela força que estava antes. Parece mágica, mas é física pura!

Ao final da curva, com a moto (e você) inclinados para perto do chão, a gravidade vai te puxar para baixo até que você caia. É nessa hora que, para evitar a queda, você deve começar a acelerar novamente, para ganhar a velocidade que tinha antes da curva. Isso te dará estabilidade, superando a gravidade.

Eu poderia ficar o dia todo falando sobre isso, mas o post ficaria maior do que já está (aliás, ultimamente tenho tido a impressão de que ninguém deve ter paciência de ler tudo isso, e eu acabo “falando sozinho”, mas tudo bem, porque falar de moto nunca é demais) e eu também nem sou tão bom assim de física.

Para fechar, posso dizer que tive uma manhã tão legal ontem, que o tempo passou e eu nem percebi. Ainda saí da Porto Seguro e, já que estava no centro de São Paulo, passei nas lojas de moto, pois precisava comprar o emblema esquerdo do tanque que comprei errado outro dia.

E, se você é novato assim como eu e quer aprender muita coisa bacana, acesse o site do Carlos Amaral, e se possível, faça o curso prático dele, pois tenho certeza que vai valer a pena! O site é http://www.amaralinstrutor.com.br/.

Valeu!

[Editado: Eu não havia reparado que a fonte do texto estava errada. Agora está ok!]

6 comentários:

  1. Kra muito bom seu post, tenha certeza que vc ñ esta falando sozinho
    Tive o prazer de conhecer o Amaral um kra muito bacana quando puder
    Faça o curso prático eh muito bom e continue con este blog pois creio
    Que muitos motociclistas novatos aprenderam muito aqui.

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    1. Obrigado, CREIO NA BÍBLIA! Sem dúvida foi uma honra ter conhecido o Amaral. Por sorte, não levei muito tempo para aprender os ensinamentos dele, pois tenho apenas 3 meses de pilotagem. Abraços!

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  2. Excelente texto, mas penso que devido o fato de gostar de moto e se preocupar em pilotar de forma segura, poderia começar a postar com o diário do motociclista novato!

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    1. Caro amigo Anônimo, fico contente de ter gostado do texto.
      Entendo seu ponto de vista sobre mudar o nome.
      Confesso que já pensei nisso e acredito que mudar o nome para "motociclista" pode alavancar mais a popularidade do blog.

      Contudo, como esse nome surgiu por meio de brincadeiras no Facebook, como você pode ver no primeiro post desse blog, penso que o nome original mantém a originalidade do mesmo.

      Mas, claro, será uma pena se as pessoas deixarem de ler o blog por causa do termo "motoqueiro" em seu título.

      Grande abraço!

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  3. Respostas
    1. Obrigado Klebão, que bom que gostou.
      Você também pode acompanhar as novidades pela minha página no Facebook: https://www.facebook.com/diariodomotoqueiro

      Abraço!

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