sexta-feira, 30 de maio de 2014

Entrando numa fria

Gostaria de começar esse post agradecendo ao grande mestre Carlos Amaral, que ministrou o curso de pilotagem segura na Porto Seguro, que mencionei na semana passada, e o Ryo Harada, administrador do maior portal de motos da América Latina, Moto Online.
Depois de eu ter feito o post da semana passada, adicionei o Amaral como amigo no Facebook e começamos a bater papo sobre o meu post.
Ele gostou tanto que compartilhou meu blog em sua timeline do Facebook, o que acabou chamando a atenção do Ryo, que se propôs a espalhar a notícia sobre o Diário do Motoqueiro Novato no site da Moto Online.


Infelizmente, não consegui encontrar o post do Ryo na página da Moto Online do Facebook e nem no próprio site, mas fica aqui o meu agradecimento a vocês! É legal saber que as informações do diário estão sendo úteis para outras pessoas, e também, chamando a atenção de quem entende bem do assunto!

Ainda falando de Facebook, me cadastrei para participar de três grupos voltados especialmente para a Suzuki Intruder 125. São eles:

  1. INTRUDER 125
  2. Intruder 125 - RJ
  3. Suzuki Intruder 125 e 250

O pessoal é muito gente boa por lá, me trataram super bem e todos os grupos são muito ativos.
Ainda que todos os grupos sejam excelentes, o grupo INTRUDER 125, criado pela Fa Intruder, me despertou mais empolgação. Eu mal entrei no grupo e já fui convidado para uma viagem para São Tomé das Letras, que eles estão organizando.
Além disso, o pessoal é muito solícito. A maioria dos posts tem mais de 30 comentários com sugestões, opiniões e conselhos dos mais experientes, todos com conteúdo bastante interessante.

A troca de informação e a confraternização da comunidade dos intrudeiros é algo que eu não sentia há muito tempo, em nenhum lugar.
É legal pra caramba ver um monte de gente de todas as partes do Brasil, de todas as classes sociais, raças e credos, unidos por um hobby em comum.
Ainda ontem, pedi permissão para anunciar umas peças da minha moto que não pretendo mais usar, e em menos de uma hora quase que fechei negócio com todas as peças!

Se você tem uma Suzuki Intruder ou simplesmente quer passar um tempo com outros apaixonados por motos, indico fortemente para que participe desses três grupos. Faça amigos e compartilhe experiências com aquele pessoal gente fina, e vocÊ não irá se arrepender.

Na quarta-feira, na hora do almoço, finalmente agendei com o Johhny Ruby, artista especialista em customização de motocicletas, de levar minha motoca em sua oficina, que não fica muito longe de onde eu trabalho.
Nós já vínhamos nos conversando via e-mail e Facebook, pra tirar umas dúvidas e esclarecimentos, e também expliquei o que eu gostaria de fazer com a moto, então não tivemos muito o que conversar pessoalmente, salvo alguns detalhes da pintura, valores e data de entrgea do serviço.

Deixei a magrela com ele e peguei um taxi para voltar ao trabalho. Foi um dia bastante triste, pois tive que voltar pra casa sem a moto, andando na rua com a jaqueta de motoqueiro. Alguns motoqueiros ficavam me olhando na rua com uma cara estranha, provavelmente estavam achando que eu havia sido roubado ou algo do tipo, hehe.

Na quinta-feira era o rodízio do meu carro, então fui para o trabalho de metrô, o que acabou sendo bem mais tranquilo do que eu lembrava que normalmente era. A única coisa um pouco ruim é que eu cheguei no trabalho mais tarde do que o habitual, e consequentemente tive que sair mais tarde também.

Hoje, sexta-feira, fui para o trabalho de carro e o trânsito estava excelente, melhor do que muitos dias! Na volta, como é de costume, tinha um pouco mais de trânsito, mas mesmo assim cheguei em casa em uma hora, o que é um tempo bom, considerando o fato de ser Sexta-feira.

Vamos ver como serão os próximos dias sem a moto, pois o trabalho do Johnny levará umas três semanas para ficar pronto, e cada dia que passa, parece que se passou uma semana. Pense numa pessoa ansiosa!
Enfim, quando a moto chegar, já posto uma foto de como ficou, e faço o famoso "antes e depois".

Bom, na semana passada e nessa semana o tempo esfriou bastante por aqui, e pela primeira vez pilotei com tanto frio! Alguns dias foi bem tranquilo, e apesar de sentir a queda na temperatura, não me incomodou tanto.
No sábado passado, quando estava indo para o workshop de pilotagem, saí de casa sem as luvas e a bota, que estavam enxarcadas do dia anterior, que choveu bastante, e eu passei por uma poça de água tão grande que o pneu da moto fez uma onda, e molhou meu pé por dentro da bota.

A minha lógica foi que, como a luva estava molhada, era melhor ficar sem ela do que andar com ela molhada na mão. Engano meu... depois de andar uns 5 quarteirões, decidi voltar pra casa e pegar a luva, pois minhas mãos estavam congelando!
Acabei aproveitando pra colocar a calça da capa de chuva, porque começou a garoar mais forte e preferi me prevenir.

No domingo e no começo da semana, passei a usar tambem o polêmico cachecol, considerado pelos portadores de testosterona em excesso uma afronta à masculinidade cecezenta. Oras, mas se o negócio foi feito pra proteger o meu pescoço do frio, assim como uso blusas, jaquetas e calças, não vejo porque sacrificar justamente a minha garganta só pra mostrar o quanto sou poderoso, hehe.
O legal do cachecol é que, além de proteger a garganta, acaba esquentando mais o peito, que mesmo já estando protegido pela jaqueta, ganha um reforço extra, considerando os ventos gelados durante a pilotagem.

Tudo estava ótimo, apesar de eu não ter uma luva que proteja de frio e chuva, mas que também não deixou minhas mãos congelarem. Porém, eu estava sentindo muito frio nas pernas, mesmo estando de calça jeans.
Pensei em comprar uma daquelas calças segunda pele, ou usar uma calça mais fina de moletom ou qualquer coisa parecida por baixo da calça jeans. O problema pra mim, que uso a moto pra ir para o trabalho todos os dias, é que ficar com uma calça extra por baixo da calça jeans ficaria mais complicado para tirar, caso ficasse mais quente ou começasse a me incomodar durante o dia.
É claro que eu poderia simplesmente ir ao banheiro e tirar, mas não gostaria de ter que ter esse inconveniente.

Então me lembrei do sábado, em que coloquei a calça da capa de chuva para ir ao workshop, e lembrei que a capa impediu bastante a entrada do vento, ainda que ele pudesse passar por debaixo da barra da calça.
Decidi fazer uma experiência no dia seguinte, e mesmo sem chuva, coloquei a calça da capa de chuva pra ver se adiantava de algo, e acabou que funcionou razoavelmente bem.
Claramente continuei sentido um pouco de frio nas pernas, mas achei que a proteção daquela calça tão fininha valeu muito a pena, e que daria pra suportar um bom frio daquele jeito.

Acredito que, se estivesse um pouco mais frio, seria provável que eu sentisse bastante frio, mas sinceramente, não acho que seja normal, pra um país como o Brasil, um frio maior do que aquele que estava no começo dessa semana. E caso tenha, não deve durar muito tempo, ou seja, não seria frequente o bastante para que eu precisasse comprar a segunda pele.

Bom, essa foi a minha experiência com o frio até agora, e que também, nem durou tanto tempo, já que, desde quarta-feira a tarde estou sem andar de moto.

E você, tem alguma dica para compartilhar sobre pilotagem no frio? Qual foi a sua pior experiência com a moto no frio, e quais foram as lições aprendidas?
Eu gostaria de saber a opinião dos amigos que acompanham o blog sobre como se sentem ao subir na moto e entrarem numa fria!

Abraço, e até o próximoooo DIDIDIdidididiário do Motoqueiro Novato!


domingo, 25 de maio de 2014

Workshop de pilotagem da Porto Seguro

Como eu já devo ter mencionado por aqui, fiz o seguro da moto com a Porto Seguro. Vocês provavelmente devem saber que, normalmente, seguro de motos é caríssimo e inviável, e a maioria das pessoas acaba optando por colocar alarmes e contratar serviços de rastreamento em caso de furto do veículo.

No caso da minha moto, uma série de fatores caracteriza o valor do seguro razoável, embora eu ainda ache meio caro, mas me pareceu uma boa idéia contratar o serviço, principalmente por eu ser inexperiente e poder acabar batendo em algum carro ou precisar de algum socorro emergencial.

A título de curiosidade, minha moto é uma Suzuki Intruder 125 ano 2008, e o valor do seguro ficou R$ 700,00 por ano.



Como eu já venho trabalhando com a Porto Seguro no seguro do meu carro há muitos anos, decidi fazer o mesmo com a moto.
No começo da semana passada, recebi um convite deles para participar de um workshop de pilotagem, gratuito para os segurados, que aconteceria no Sábado dia 24 de Maio, então me cadastrei para poder participar.

Eles fizeram um esquema muito legal, com café da manhã, massagem e contrataram  artistas para fazer a caricatura das pessoas em uma camiseta. O estacionamento era dentro da Porto Seguro e foi gratuito. Foi super legal ver tantas motos diferentes juntas, como eu nunca havia visto antes, pelo menos ao vivo!

Como ontem de manhã estava frio e garoando, achei que iriam poucas pessoas, até porque era Sábado, mas para surpresa de todos, o anfiteatro estava lotado. Foi preciso colocar mais cadeiras no local, pois as pessoas estavam ficando de pé.

Em cada cadeira, colocaram uma mochilinha com uns mimos dentro, como caneta, um caderninho de anotações, adesivos, uma mini trena e um guia de pilotagem que basicamente resumia o workshop.

A sala contava com três telões distribuidos de forma que todos pudessem ver os vídeos e slides, ar condicionado, que estava muito frio por sinal, e só as cadeiras que eu não gostei muito, porque achei-as muito duras.

O palestrante foi o Carlos Amaral, que, embora eu não o conhecesse, parece ser um cara famoso nesse meio de aulas de pilotagem, pois ouvi muitas pessoas comentando sobre ele ao meu redor, enquanto o pessoal ia se acomodando nas cadeiras.
Outra evidência clara é que ele entrou e cumprimentou uma série de pessoas que ele já conhecia, pois já haviam feito o seu curso de pilotagem, não o workshop, mas sim o curso prático.

Na platéia, dava para perceber que haviam muitas pessoas inexperientes como eu, umas mais e outras menos, mas também haviam pessoas experientes, pois escutei bastante pessoas falando de viagens de moto que fizeram há não sei quantos anos atrás, e outras histórias similares.

Achei legal também que havia um número considerável de mulheres, que eu gostaria que fosse maior, pois acho legal pra caramba o fato de as mulheres estarem invadindo essa onda de motociclismo, coisa que até pouco tempo atrás era bastante dominada por homens.
Algumas delas pilotavam, mas a impressão que tive é que a maioria delas curte passear com os maridos e namorados, ou estavam lá porque apoiam o cônjuges na paixão pelas motos, mesmo sem serem tão adeptas do “movimento”, o que é legal também. Não sei o que seria da gente sem elas, viu. Cuidam da gente até com coisas que elas não ligam.

No começo da apresentação já deu pra perceber que o Amaral sabe palestrar muito bem, cativante e consegue prender a atenção de todos. Ele bateu papo com a platéia, perguntava o nome e chegava perto da pessoa pra conversar, e esclarecia quaisquer dúvidas ou mitos relatados por todos, ali na hora mesmo!

Isso fez com que a primeira parte do workshop fosse muito dinâmica e interativa, o que fez com que todos ficassem muito à vontade, dando risadas e aprendendo muita coisa bacana.
Não levou muito tempo para perceber que o Amaral é muito bom e experiente, e sabe muito bem do que está falando. Ele conhece muito de todos os tipos de motos, sabe das vantagens e limitações delas e deu até dicas específicas para algumas motos.

A primeira parte do workshop: O comportamento do piloto

Tentando resumir um pouco a primeira parte do workshop, ele deixou bem claro, e várias vezes, que o motociclista tem que ser a pessoa mais pró ativa do trânsito, pois em caso de qualquer acidente, é ele quem levará a pior.
Nós nos habituamos a pensar no trânsito do ponto de vista da lei, o que é importante, sem dúvida alguma, porém, a realidade é um pouco diferente, por causa do livre arbitrio.

Ou seja, falar ao celular enquanto dirige, trocar de faixa sem sinalizar, passar no sinal vermelho e outras infrações, são executadas o tempo todo, e o fato de você estar certo, por exemplo, ao atravessar um cruzamento com o sinal verde, não impedirá que um carro vindo pela outra via atravesse o sinal vermelho e te acerte, podendo até te levar a morrer!

Outro exemplo interessante que ele deu, foi que nós motociclistas (ou motoqueiros, caso você prefira esse tipo de classificação) normalmente sabemos das imprudências dos outros participantes do trânsito, mas mesmo assim acabamos ficando bravos quando essas pessoas cometem uma irrergularidade.

Se você já sabia que tal “barbeiragem” iria acontecer, você não deveria ter ficado bravo, e sim evitar aquela situação desde o início. Lembre-se de que, normalmente, o maior prejudicado é o motoqueiro!

Uma coisa que ele falou que eu gostei muito, foi sobre a pressa. Se você está no trânsito, que está fluindo, e o carro da frente estiver te incomodando porque você quer passar, é você quem está incomodado, e não os outros. Ninguém tem que sair da sua frente só porque você está com pressa, a menos, é claro, que alguém esteja abaixo do limite mínimo de velocidade na faixa da esquerda (o que raramente ocorre).

Claramente, vale lembrar aqui do fator do livre arbítrio. Se você estiver de moto e um carro atrás de você estiver te pressionando para passar, deixe-o passar o quanto antes, e evite sofrer um acidente por conta disso. Até porque, até onde eu sei, não existe uma lei que proíba o cara de ser apressado, ou jogar farol alto no veículo da frente, e provavelmente raramente seria caracterizado como infração se alguém ficar pressionando você, andando com o carro a poucos centímetros da sua moto. E, se for, de nada adiantaria ele tomar uma multa se você já se machucou, que é o ponto mais importante do assunto.

Essa primeira parte do workshop foi o mais interessante pra mim, pois deu pra perceber que eu estava no caminho certo em algumas coisas e errado em outras. Também foi muito legal poder ouvir as experiências das outras pessoas, suas histórias e lições aprendidas, e é espantoso como muita coisa é parecida, independente do tipo da moto ou perfil do motociclista.

Mais uma vez, ficou bem claro pra mim o quanto é importante ser atencioso no trânsito, e que a responsabilidade de se evitar um acidente é 90% minha.
É nítido ver que os motoristas de carros (provavelmente, inconscientemente) não se preocupam muito com qualquer veículo menor, pois se algo der errado é o mais fraco que terá maiores problemas. Não acho que eles sejam mal intencionados nem que queiram que eu morra (bom, alguns deles a gente percebe que agem na maldade, mas me recuso a acreditar que seja a maioria) mas por ser um sentimento natural, provavelmente em todo ser humano.

Então, na hora de pilotar, deixe o orgulho de lado, deixe as leis de lado, pois em um caso de emergência, nada disso vai te salvar. Não existe “mas eu estava certo” ou “não é justo” quando é a sua vida que está em jogo. Seja um motoqueiro pró ativo!

A segunda parte do workshop: A técnica do piloto

Depois de encher a pança mais um pouco e descansar as costas daquela cadeira dura, voltamos para o segundo round, dessa vez focando em algumas técnicas de pilotagem.
Como o Amaral tem uma grande bagagem, ele absorveu as experiências de seus alunos e compilou uma série de técncicas muito bem explicadas sobre como pilotar melhor e evitar erros simples, mas que podem ser fatais.

A primeira coisa que me chamou a atenção foi que, ao contrário do que eu havia aprendido, segurar o freio com dois dedos e acelerar com os outros dois pode não ser uma boa idéia.

Isso porque, em caso de emergência, e precisarmos frear mais bruscamente, corremos o risco de continuar acelerando, já que metade dos dedos continua no acelerador da moto.
Já segurando o acelerador com os quatro dedos, o simples movimento de levar todos eles ao freio faz automaticamente com que desaceleremos a moto.

Ainda assim, penso comigo que, numa situação de um corredor, por exemplo, posso ficar com os dedos distribuidos, desde que não estarei acelerando demais ou quase nada, e os dedos que estão no freio podem ser muito úteis para uma frenagem de emergência. Porém, salvo nesse caso, imagino que os ensinamentos do mestre Amaral estão perfeitos!

Ainda no assunto da frenagem, ele explicou que, diferente do que a gente aprende na auto escola, o freio dianteiro segura muito mais a moto do que o traseiro, e exibiu vídeos para provar.
Ele explicou que a moto possui três freios: dianteiro, traseiro e motor (esse último a maioria das pessoas já conhece, mas deu pra perceber que muita gente ficou surpresa ao ouvir sobre o freio motor) e que freio não pára a moto, e sim o atrito do pneu com o solo.

Ele ressaltou a palavra “solo”, pois pode ser asfalto, terra, etc, e que a frenagem deve ser sempre progressiva, ou seja, nunca devemos frear bruscamente, de uma só vez. Isso porque frear de uma vez pode fazer com que a roda trave, fazendo com que a moto derrape, não havendo atrito com o solo, logo a moto não vai parar.
Se sua moto possui freios ABS, não há com o que se preocupar, pois a eletrônica do freio decide isso pra você, impedidndo o travamento da roda.

Depois, ele falou sobre curvas, e como a física influencia diretamente no comportamento da moto durante todo o processo de pilotagem. Essa parte foi muito legal, porque foi praticamente uma aula de física, aplicado à motocicletas!!!

Para ser sincero, se você entende conceitos básicos de força centrífuga, gravidade e inércia, provavelmente vai tirar de letra a pilotagem da moto!

Vamos lá: antes de entrar numa curva, é preciso reduzir a velocidade até um ponto em que fique confortável para você.
Que ponto é esse? Bom, você está em cima de um objeto em alta velocidade indo para frente, e agora você quer mudar a direção desse objeto, mas a força dele está toda para a frente! Então, o que é preciso ser feito é exercer uma força para o sentido que você quer ir.
E como você faz isso: jogando o seu corpo para o lado que quer ir! Só que a força pra o sentido atual ainda é grande, e a moto vai “querer” continuar indo para frente, mesmo mudando lentamente para a outra direção.

Aí é que entram os pneus, que aderem ao chão, gerando atrito, e fazem de tudo para que a moto resista à continuar sendo levada pela força que estava antes. Parece mágica, mas é física pura!

Ao final da curva, com a moto (e você) inclinados para perto do chão, a gravidade vai te puxar para baixo até que você caia. É nessa hora que, para evitar a queda, você deve começar a acelerar novamente, para ganhar a velocidade que tinha antes da curva. Isso te dará estabilidade, superando a gravidade.

Eu poderia ficar o dia todo falando sobre isso, mas o post ficaria maior do que já está (aliás, ultimamente tenho tido a impressão de que ninguém deve ter paciência de ler tudo isso, e eu acabo “falando sozinho”, mas tudo bem, porque falar de moto nunca é demais) e eu também nem sou tão bom assim de física.

Para fechar, posso dizer que tive uma manhã tão legal ontem, que o tempo passou e eu nem percebi. Ainda saí da Porto Seguro e, já que estava no centro de São Paulo, passei nas lojas de moto, pois precisava comprar o emblema esquerdo do tanque que comprei errado outro dia.

E, se você é novato assim como eu e quer aprender muita coisa bacana, acesse o site do Carlos Amaral, e se possível, faça o curso prático dele, pois tenho certeza que vai valer a pena! O site é http://www.amaralinstrutor.com.br/.

Valeu!

[Editado: Eu não havia reparado que a fonte do texto estava errada. Agora está ok!]

sábado, 17 de maio de 2014

Caindo na real

Lembra quando você era pré-adolescente e a vida era uma beleza? Sua mãe fazia o leite com Nescau com a temperatura do jeitinho que você gostava, sua maior preocupação era saber se a sua paquera da escola ia te dar bola, não tinha contas pra pagar (ou pelo menos não deveria ter) e nem chefe pra te ameaçar de te demitir se você não fizesse o trabalho direito?

Aí você cresceu, amadureceu, se ferrou, apanhou, aprendeu, evoluiu e continua evoluindo. Tinha tanta coisa legal antes, que você nunca mais vai ver. Tanta coisa que você achava que era de um jeito, aí aprendeu do jeito mais difícil que não era bem assim. Tinha ideais bacanas e que soavam bem pra caramba na sua cabeça, mas a realidade era outra...

Então, depois de quase 3 meses andando de motoca, um pouco daquele encanto juvenil se foi, parecido com quando eu virei adulto. Só que a moto em si não me decepcionou, mas sim o contexto todo que a envolve.
Na verdade, a cada dia que eu piloto, mais eu me empolgo, acho legal, gostoso e divertido. Mas ao mesmo tempo eu vivencio coisas que mostram a dura realidade por detrás da vida do motoqueiro enquanto cidadão desse mundo.

Como eu já comentei outras vezes, quando comprei a moto, escutei muitas opiniões de muita gente diferente, e eu fiquei bastante indignado com algumas opiniões.
Vou tentar citar as mais marcantes sem me extender demais (mas tenho quase certeza de que será comprido), e vou esclarecer com o meu ponto de vista e minha humilde experiência:

Motoqueiros são maus, motociclistas são lindinhos

"Mentira! Que babaquice" eu pensei. Cheguei a pesquisar com o avô do Chico Buarque, o nosso querido Aurélio, e lá tá dizendo que motoqueiro é uma gíria para motociclista. É uma palavra que não existe oficialmente. Só isso!

Mas então, que palhaçada é essa? Um amigo comentou que tem amigos motociclistas que não admitem ser chamados de motoqueiros, pois motociclistas são responsáveis, cuidadosos, pintam a unha e fazem escova no cabelo, bla bla bla.
Aí, outro dia vem minha mãe dizer a mesma história, que o dentista contou pra ela. Depois a mesma coisa se repetiu em uns blogs de moto que eu andei lendo, e também no Yahoo Respostas.

O que me deixa mais fulo, é que eu acho o nome "Motoqueiro Novato" super legal! Mas será que, quando alguém vê o nome do blog acha que eu sou um assassino-carniceiro-ladrão-mau-caráter-estuprador-mendigo-rei-Jeofrey-do-Game-of-Thrones? Pelo visto sim, né?

De um jeito ou de outro, isso me incomoda, e eu ainda acho que é uma babaquice, ok? Sem ofensas a ninguém. Maaaaaaaaaaas, vamos tentar entender o porquê disso tudo, ou pelo menos essa é a minha conclusão, se talvez, só talvez, isso possa te ajudar a entender também, caso tenha essa curiosidade.

Vivemos num mundo de rótulos, sejam bons ou ruins, sejam para servir de base para as coisas ou colaborar com a ostentação. Você precisa estudar, se formar e ter diploma, porque assim o empregador pode ter uma noção de o que você sabe e se você serve pra trabalhar pra ele.
Acontece o tempo todo: pessoas se atraem umas pelas outras por causa de certos rótulos: funkeiro, metaleiro, inteligente, fodão, nerd, rico, pobre, com carrão, com bicicleta, vegetariano, etc, etc, etc...

Não é diferente entre o motoqueiro e o motociclista. E essa foi a maneira que as pessoas arranjaram, informalmente, de separarem os bons dos ruins. É falho? Eu acho que sim, mas é melhor do que nada.
Não preciso dizer que alguns "motociclistas" são cuidadosos porque têm motos caríssimas, e que muitos usam-nas só nos finais de semana ou ocasiões especiais, enquanto os "motoqueiros" têm motos mais simples e ágeis no dia a dia, correm muito, cometem infrações frequentemente, e normalmente não zelam nem pela própria vida, ou seja, imagina o quanto ele está precupado com você, então?

Motoqueiros são bandidos

Esse é fácil de explicar. O que assusta muito as pessoas é ter um cara do teu lado com o rosto coberto, luvas e um veículo rápido e muito mais ágil do que o seu.
Então eu penso: "Mas pô, esse é o equipamento de qualquer motoqueiro bem precavido!". Mas como colocar isso na cabeça de quem não tem a mínima noção sobre motos, e pior, nem quer saber!?
Então, alguém que não perde um programa do Cidade Alerta sequer me diz que motos com garupas são preocupantes, pois o garupa pode estar armado e fazer todo o trabalho, e o piloto só faz a fuga, e aí, toda a minha indignação e defesa dos motoqueiros foi por água abaixo. Não só por causa do exemplo do garupa, mas porque eu comecei a me colocar no lugar do motorista parado no semáforo ao lado de uma moto.
Eles têm razão! E não há nada que eu possa fazer, debater, me debater e espernear.

Eu ainda acredito que dá pra tentar distinguir um mal motoqueiro de um bom, mas ainda, não dá pra confiar em ninguém. Quando eu digo ninguém, eu digo ninguém mesmo.
Eu já tive namoradas, amigos e colegas de trabalho que eu confiava, e que me deram uma rasteira tão grande que levou anos pra me levantar.

E sabe o mais curioso? Se eu fizer uma lista top 10 dos tipos de pessoas mais mal intencionadas que já ouvi falar, os motoqueiros provavelmente não estariam no topo da lista, talvez nem no top 10.
Mas sou a favor da prevenção acima de tudo. Se você se sente mais seguro longe das motos, continue o fazendo. A maioria deles não fica chateado (eu fico, porque sou bunda-mole), e tão logo o semáforo fique verde, estarão bem longe de você, te deixando no conforto do seu carro, no trânsito calmo e beeeeeeeeeem lento onde só tem gente fina e bem intencionada :)

Meu preferido: Moto mata

Parece até aqueles trocadilhos "bem sacados" de campanha de conscientização da Globo, onde a Regina Duarte, o Gianechini e alguma atriz negra aparecem de calça jeans e camiseta branca com um sorrisão no rosto e o logo da Rede Globo enooooooooooorme no fundo.



Não sei se esse comentário é o mais revoltante ou o mais importante.
Digo isso porque, gente, por favor né? Consegui pensar numas trinta coisas que matam muito mais do que moto sem me esforçar muito.
Há poucos dias atrás, infelizmente o filho do Erasmo Carlos faleceu devido a um acidente de moto, e alguns dias antes, ele estava internado em estado grave. Fui procurar qual foi o motivo do "acidente de moto" mas não achei (e confesso que não pesquisei mais depois disso).

Não estou dizendo que a culpa não foi da moto, mas pô, eu, como iniciante quero saber o que aconteceu! Quero aprender mais, me prevenir mais. Será que ele estava errado? Se sim, errado como? O que ele estava fazendo? Aonde estava indo? Houve terceiros envolvidos ou ele estava sozinho? A moto estava em boas condições? Era ele quem estava pilotando a moto ou foi um "motoqueiro" que causou o acidente?
Eu não entendo de jornalismo, mas será que não seria uma boa idéia se a reportagem abordasse esse lado da história? Pessoas famosas influenciam muito as pessoas, então porque não influenciar os motoqueiros a dirigir melhor pra evitar que mais pessoas morram?

A minha "nova verdade" é a seguinte: Moto mata mesmo! O tempo todo, em todo lugar do planeta.
Os motivos? De todos os tipos, inclusive causados por terceiros.
E quem são os terceiros? Eu, você, seu vizinho, seu pai, outro motoqueiro, um motorista de carro, um pedestre. Um pedestre? Como assim?

Todos fazemos parte do trânsito. Se você colocou o pé pra fora de casa, então faz parte do trânsito, pois você atravessa ruas, anda nas calçadas, na frente de estacionamentos, entradas de casas e prédios, e por isso, deveria entender um mínimo sobre trânsito, placas e regras.
Todos fazem parte do trânsito: caminhões, ônibus, carros, motos, bicicletas, pessoas. E a grande diferença entre esses participantes do trânsito são o seu tamanho e a sua agilidade.

Então vamos fazer o seguinte: partindo do princípio de que todo mundo sabe dirigir, e é responsável nas ruas, vamos falar apenas do que está "errado", sem culpar mais um ou outro, ok? Lá vai:

  1. Eu, como motorista de carro me sinto ameaçado na estrada quando um caminhão me pressiona em uma descida, onde meu Golzinho 1.0 chega, esgoelando, a 140 km/hora onde eu deveria estar no máximo a 120. O caminhão está errado e pode me matar! Eu não quero morrer!!!
  2. Eu, como motoqueiro me sinto ameaçado quando um carro me fecha, ou troca de faixa bruscamente sem dar seta, pois a moto não freia tão rápido, e eu posso bater, me machucar e até morrer!!!
  3. Eu, como ciclista me sinto ameaçado quando um "motoqueiro doido" passa correndo no sinal vermelho, brincando com a moto e fazendo acrobacias desnecessárias, podendo me acertar em alta velocidade, e meu capacete não será o suficiente para um golpe tão violento. Eu posso morrer!!!
  4. Eu, como pedestre me sinto ameaçado quando um "ciclista de final de semana" passa distraído, alternando entre andar na calçada e na rua, não respeitando o semáforo (embora devesse) e fazendo curvas fechadas, possa vir a me atropelar, e mesmo estando ele numa velocidade bem menor do que um carro ou moto, certamente vai me machucar, podendo até me levar... a morrer!!!!!!!!!!
  5. Eu, como caminhoneiro, que estou lá no alto em meu caminhão, me sinto ameaçado quando um pedestre atravessa fora da faixa, ou muito próximo a mim, e provavelmente fora do meu campo de visão. Sua agilidade é muito maior do que a minha, e a qualquer segundo ele poderá estar correndo ou mudando de idéia e voltando de onde estava vindo. Eu posso atropelá-lo acidentalmente ou tentar desviar do pedestre em um momento de susto, causando um acidente envolvendo outros veículos ao meu redor, e até mesmo outros pedestres, muitas pessoas podem morrer!!!!!!!
Aonde eu quero chegar com isso é que não estamos respeitando o espaço uns dos outros. Aquela sua raiva porque um carro te fechou, ou um motoqueiro chutou seu retrovisor (o que, convenhamos, é deplorável e injustificável) não é motivo para você querer machucar alguem. Na verdade, nada é!
Xingue! Xinge muito no Twitter! Bote pra fora aquele ódio, porque ódio não faz bem pra ninguém, e eu acho que o mundo já está cheio dele. Faça qualquer coisa, mas não faça algo contra um ser humano. Poderia ser você o alvo de um nervosinho... pense nisso.

Mais uma vez, peço que, para quem se dispôs a ler esse texto até aqui, não fique bravo, pois não quero gerar polêmica. A única coisa que tento provocar aqui é despertar o bom senso de todos, e a minha incansável busca por um mundo mais calmo e feliz. É muito provável que você tente ser um participante do trânsito melhor, mas sempre haverá aqueles que serão cada vez piores. Não desista! Não se nivele por baixo, e juntos faremos um mundo melhor para nós e nossos descendentes! Tá, esse fim ficou parecendo propaganda eleitoral política, mas ainda assim, é verdade!

Mas é isso, meus amigos. Estou um pouco abalado e chateado com a triste verdade (e como sempre, a tendência é piorar), mas ao mesmo tempo estou feliz por estar aprendendo mais a cada dia que se passa.
A vida "lá fora" não é fácil, mas também é o que faz ela ter graça!

Fui!