sábado, 16 de agosto de 2014

Começando a pegar a manha: Novos cuidados

Fala pessoal, como estão? Nossa, não sei quanto a vocês, mas pra mim, até esses dias atrás era ano novo, e olha só, já estamos em Agosto!

Bom, como eu havia comentado, fiquei algumas semanas sem postar, pois estava viajando a trabalho, e os dias foram bem turbulentos por lá, onde eu estava.
Não bastasse essa correria, essa primeira semana de volta s São Paulo foi uma outra correria maluca no escritório. Acho que isso faz parte de se começar em um trabalho novo, com novos desafios, coisas a aprender, etc.

Um outro motivo pelo qual não escrevi, é que não achei que passei por muita coisa nova nos últimos dias, e das poucas coisas que reparei seriam muito pequenas pra fazer um post, ou no final das contas, nem achei que seria tão relevante postar algo que não tivesse muito a ver com motoqueiros novatos.

Foi então que eu me dei conta de que, talvez, só talvez, eu já não seja mais um motoqueiro novato, e que não terei mesmo muitas novidades pra falar sobre dicas e/ou minhas experiências como um motoqueiro novato.

Mas, calma lá! Se você é um motoqueiro experiente, e está lendo isso, provavelmente pode estar pensando: "ha!, coitado. Anda de moto há seis meses e se acha o Motoqueiro Fantasma kkkk".
Pois é, amigo experiente, eu tenho essa noção, e o senhor está coberto de razão!

Encurtando a história, eu penso sim que tenho muito o que aprender, muitas experiências a vivenciar, e acho que mesmo o cara que pilota há anos, volta e meia acabará aprendendo algo novo. Sabe quando você pensa "pqp, faz anos que eu faço isso, e hoje descobri um detalhezinho super importante que eu vejo caras bem menos experientes fazendo há tempos". Pois é, tudo na vida é assim, só não enxerga quem não quer. E não dar o braço a torcer e ignorar essa condição do ser humano pode ser um erro grave. Ainda mais em se tratando de algo como pilotar uma motoca!!!

Esse post será basicamente sobre isso, e você muito provavelmente já ouviu alguem dizer: "é na hora que você fica confiante ao pilotar que o risco aumenta". E eu tenho seguido essa teoria, pelo simples fato de que prevenir nunca é demais, por mais que esse argumento da confiança seja a maior besteira do mundo.

Ok, uma vez mais: procure sempre ser um motoqueiro melhor, mas nunca ignore a condição humana de estar sempre aprendendo algo, e jamais pense que você sabe tudo.

Como saber que não sou mais novato

Isso sim é algo que podemos discutir com mais certeza, e ainda assim, eu consideraria algumas ressalvas.
Quando comecei a pilotar, meu maior inimigo foi a minha própria cabeça. Muita preocupação ao mesmo tempo, umas com razão e outras sem importância, mas ainda assim, aquele conjunto de preocupações disputavam acirradamente um espaço na minha cabeça com a minha vontade de me concentrar na pilotagem.

O que quero dizer com isso é que, além do óbvio medo de pilotar e de sofrer um acidente, andava com o peso de ter amigos e familiares preocupadíssimos comigo, dizendo que moto é perigoso, o medo de cair, a preocupação com outros motoristas e motoqueiros impacientes, a falta de destreza ao trocar de marchas e não deixar a moto morrer no meio de uma avenida, o medo de esquecer algo obrigatório como abaixar a viseira do capacete, e tomar uma multa por motivo bobo, e assim por diante.

E, como tudo no nosso corpo está interligado, essa preocupação comprometia radicalmente minha pilotagem, deixando meus braços e pernas super tensos.
Por muitos dias eu dirigi super tenso. O pessoal do trabalho na época dizia que eu parecia um quadradinho em cima da moto de tão duro!
A situação é horrível, pois você tem consciência de que não sabe pilotar direito ainda, e a sua confiança em si mesmo é quase nula. Que situação...

Você tem a sensação de que todo mundo sabe que você não sabe pilotar direito, quando na verdade é ao contrário. Todo mundo assume que você sabe pilotar, e muito mal, por sinal. Por isso as pessoas buzinam e são impacientes. Isso apenas acenuta o nervosismo, medo e a falta de confiança.
Se um carro ou uma moto faz uma barbeiragem na sua frente, quase nunca se é capaz de avaliar se aquilo estava certo ou errado, ou se foi você quem errou ou ocasionou uma manobra ruim de outro veículo.

Essa tensão do corpo compromete direamente na pilotagem, pois moto se pilota com o corpo todo. E se o seu corpo estiver duro feito o povo brasileiro quando o Collor pegou a grana da poupança de todo mundo, sua pilotagem vai ser uma verdadeira desgraça.
Por algumas semanas, cheguei a pensar em desistir de pilotar moto, pois aquilo parecia um inferno eterno, onde eu ficava nervoso e tenso, prejudicava a própria pilotagem, e isso me deixava mais nervoso, formando um ciclo horrível. Parecia que aquilo nunca mais ia acabar.

No começo realmente tudo foi muito dificil, mas a cada kilometro que eu andava, reparava em cada detalhe, na mudança de marcha errada, na curva mal feita, na seta que eu esqueci de desligar. Reparava nos outros motoqueiros e em seus estilos de pilotagem. Tinha consciência de que cada pessoa tem um estilo, entçao eu tentava reparar nas manobras em comum entre todos os motoqueiros que eu prestava atenção.

Com o passar das semanas, eu comecei a melhorar nesses pequenos detalhes. Chegava em casa do trabalho e ficava pensando no trajeto, nos buracos do asfalto, no carro que me fechou, no motoqueiro que ficava buzinando intermitentemente pra eu sair da frente dele como se ele fosse dono da avenida.
De repente, o ciclo do mal começou a se quebrar, e eu comecei a sair do básico. Cometi erros, vários erros, experimentei coisas, bati em retrovisores, deixei a moto morrer váaaaaaaarias vezes, e aos poucos isso foi diminuindo até deixar de acontecer.

Passada essa fase inicial, senti que era hora de experimentar manobras mais complexas, como fazer curvas com a moto mais deitada, controlar corretamente a troca de marchas, fazer curvas de emergência, jogar o corpo para os lados. Passei a confiar mais em mim e na moto, e não tive problemas em efetuar as manobras que eu queria.
Fiquei mais confiante ao passar entre os carros no corredor, sem nem sequer chegar perto dos retrovisores. Aprendi um pouco melhor a hora certa de recuar a moto ou acelerar mais para passar entre carros. Memorizei muitas situações onde carros, motos e pedestres estiveram em posição de negligência ou vítimas de terceiros, e com isso, passei a prever acidentes com maior destreza.

Após passar por tudo isso, eu me enganei pela primeira vez, e achei que eu não era mais um novato, até começar a repetir alguns erros novamente. Aquele sentimento de conquista e de confiança foram um pouco perdidos, pois penso que uma pessoa com um mínimo de experiência não deveria cometer tamanhos errinhos bobos.
Eu não me intimidei, e repeti o processo de auto-avaliação, voltei a pensar no trajeto percorrido, corrigi detalhes, me certifiquei que pequenos errinhos não voltassem a acontecer, e então, finalmente, achei que não era mais um novato.

E agora, é onde estou. Fiquei duas semanas fora sem pilotar, e voltei tranquilamente, sem errar nada, sem cometer erros básicos, andando confiante nas ruas e nos corredores.
Hoje, sou capaz de identificar quando um motoqueiro está certo ou errado, pelo menos nos casos mais comuns, obviamente.
Algumas vezes, evito ou desisto de uma manobra, e vejo outro motoqueiro fazendo-a e se dando mal, infelizmente. Claro, o contrário também acontece frequentemente, o que demonstra que ainda tenho muito o que aprender, e sempre terei.

A minha maior preocupação no momento, é a minha confiança. Na Segunda-feira, saí para trabalhar, e acabei acordando um pouco mais cedo, o que fez com que eu pegasse muito pouco trânsito na hora de descer a Av. dos Bandeirantes. Fiquei surpreso com a facilidade que lidei com a descida, minhas manobras e, principalmente, com a velocidade que cheguei no trabalho.
Ao passo em que fiquei super contente (sem falar que andar de moto sem trânsito é muito mais gostoso), senti que, talvez, eu estivesse um pouco confiante demais, e aquilo me preocupou.

Perto da hora de voltar pra casa, pesquisei no Google Maps se havia um caminho alternativo para voltar pra casa, ma esperança de pegar um caminho mais tranquilo, ainda que mais longo e demorado.
Fiz um caminho pegando muitos semáforos e com muitos carros, mas que foi bem menos tenso do que o corredor da Av. dos Bandeirantes, ainda que cheio de motoristas muito negligentes e desatentos. Mas aquilo foi bom, pois foi uma nova experiência e um exercício de paciência e atenção, porém, estava bem mais relaxado.

Acho que foi uma excelente decisão, pois confesso que fiquei com medo de subir a avenida com tanta confiança, e acabar sofrendo um acidente.
Além do mais, considero um bonus ter aprendido esse novo caminho, pois no dia seguinte choveu na hora de ir pra casa, e acabei o repetindo. Nesse dia as coisas foram melhores, pois ja sabia por onde teria que passar, apesar da chuva e dos motoristas, que parece que ficaram piores em relação ao dia anterior.

Esses dois dias voltando pra casa por um caminho mais calmo me fez perceber que, no final das contas, não era assim tão vantajoso e relaxante quanto eu pensei, mas que era sem dúvida uma boa alternativa pra quando eu estiver cansado ou mais distraído. Porém, a realidade é que, apesar da minha preocupação com excesso de confiança, a realidade é que eu me tornei realmente um piloto melhor!

O que me traz ao dilema atual: ter plena consciência de que eu estou evoluindo como piloto, mantendo sempre em mente de que a vida no trânsito será sempre imprevisível. E que não importa quanta experiência eu tenha, sempre haverá algo novo que eu ainda não havia pensado ou previsto.

Pilotar moto é gostoso demais, e eu aproveito cada metro percorrido, cada vento no rosto, cada ronco do motor. Estragar isso seria uma pena, perder o prazer dos detalhes. É por isso que devemos ponderar os sentimentos, e nunca nos esquecermos que pra podermos curtir tudo isso, precisamos estar vivos e saudáveis. Pense nos seus familiares, na sua esposa, no seu marido, e volte sempre bem pra casa para abraçá-los bem forte.

Espero que esse post não tenha sido muito aquém das expectativas, pois pra mim, ele ainda é muito interessante para novatos :)

Ah sim, já ia me esquecendo. Estou começando a pensar em comprar uma moto de cilindrada maior. Se você me perguntar se eu realmente preciso, admito que não, mas que estou com vontade de ter uma motoca mais parruda e bonita, isso sim.
Não que eu não goste da minha moto, e eu acho ela muito mais bonita do que muita moto cara por aí.
Não está nada decidido, e não posso comprometer meu bolso com algo desse tipo no momento, mas certamente é algo que estou considerando e estudando desde já.

Abraço e bom final de semana a todos!

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